Governo catalão anunciou vitória com 90% dos votos
Governo catalão anunciou vitória com 90% dos votos | Foto: Lluis Gene / AFP / CP
O presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, afirmou neste domingo que os catalães “ganharam o direito de ter um Estado independente” da Espanha, após o referendo de autodeterminação que tentaram celebrar apesar das fortes operações policiais para impedi-lo.
“Com esta jornada de esperança e também de sofrimento, os cidadãos da Catalunha ganhamos o direito de ter um Estado independente, que se constitua em forma de república”, afirmou, em uma apresentação com todo o seu governo, comemorando a mobilização de milhões de catalães nesta mobilização proibida pela Justiça.
Puigdemont deu estas declarações em mensagem de vídeo, gravada com todo o seu governo, na qual comemorou a mobilização dos catalães nesta votação proibida pela Polícia e lamentou a atuação da Polícia Nacional e da Guarda Nacional espanholas.
Já na madrugada de segunda-feira (noite de domingo no Brasil), o governo catalão anunciou a vitória do sim com 90% dos votos. Segundo o porta-voz do Executivo regional, Jordi Turull, de um censo eleitoral de 5,3 milhões de pessoas, foram registradas 2,26 milhões de cédulas, das quais 2,02 milhões (90%) votaram pelo sim.
Durante todo o dia, a Polícia espanhola fez de tudo para tentar reprimir este referendo proibido pelo Tribunal Constitucional, em uma região que é um dos principais pulmões econômicos da Espanha.
Agentes entraram à força em várias seções de votação para confiscar as urnas e outros materiais eleitorais, constataram jornalistas da AFP. Em alguns casos, investiram contra grupos que opuseram resistência, disparando balas de borracha, segundo algumas testemunhas.
A Polícia tentou retirar as pessoas que impediam sua entrada nos centros de votação, empurrando-as ou arrastando-as. Vídeos publicados nas redes sociais mostram os policiais agredindo com cassetetes em alguns ativistas. Um total de 844 pessoas receberam “assistência de saúde” após esta repressão policial, informou o governo catalão. Entre elas havia pelo menos dois feridos graves.
Diante da situação, o separatista Puigdemont lançou um apelo de ação à União Europeia. “A União Europeia não pode mais continuar olhando para o outro lado”, afirmou. A situação na Catalunha “é um assunto de interesse europeu”. “Somos cidadãos europeus que sofremos a violação de direitos e liberdades”, disse, pedindo a Bruxelas que “aja com rapidez para manter a autoridade moral dentro e fora do continente”.
Correio do Povo