Solicitação foi feita por delegada que lidera diligências sobre suposta interferência política de Bolsonaro na corporação
“Visando instruir os autos do Inquérito Policial nº 0004/2020-1 SINQ/CGRC/DICOR (4831 – STF), solicito a Vossa Excelência informações sobre existência de eventual inquérito instaurado na SR/PF/RJ (Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro), a partir do Relatório de Inteligência Financeira 34670.7.50.6762, esclarecendo se, nos respectivos autos, foram protocolados requerimentos de vistas de Fabrício de Queiroz. Caso positivo, solicito cópia desses documentos”, pediu a delegada.
A defesa de Moro apontou à PF que a petição de Klein no inquérito demonstra que Queiroz tinha ciência da existência do relatório do Coaf que o mencionava, e queria ter acesso ao documento sigiloso. A defesa também ressalta que, no mesmo período, o presidente Jair Bolsonaro tentava trocar o comando da PF Rio, que conduzia as investigações.
“Essas razões endossam e reforçam a imprescindibilidade da disponibilização de cópia do procedimento investigatório n° 5011763-74.2019.4.02.5101 para que se possibilite analisar sua evolução processual e eventuais implicações pertinentes à questão criminal aqui apurada”, afirmou o advogado Rodrigo Sánchez Rios.
A defesa de Moro relembrou que as investigações em questão, sobre interferências políticas de Bolsonaro, se interligam ao caso devido à pressão exercida pelo presidente em agosto do ano passado para a troca do comando da PF Rio. Bolsonaro tentou emplacar um nome de sua confiança no mesmo mês que a investigação sigilosa que a defesa de Queiroz teve ciência de uma investigação relacionada a um relatório do Coaf que o citava.
À época, a PF Rio era comandada pelo delegado Ricardo Saadi, que prestou depoimento alegando que sua exoneração do cargo foi antecipada em agosto do ano passado a pedido e sem justificativa clara. A saída de Saadi provocou atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o então ministro Sérgio Moro e foi a primeira ocasião em que, segundo o ex-juiz, o presidente teria insistido em emplacar um nome de seu gosto no comando da corporação fluminense – o superintendente no Amazonas Alexandre Saraiva.
Saraiva, por sua vez, disse aos investigadores que sua indicação para assumir a PF Rio partiu do então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, nome de confiança do presidente Jair Bolsonaro e por pouco o diretor-geral da corporação. O delegado informou que a proposta teria sido feita ‘no início do segundo semestre’ do ano passado, época em que o presidente Jair Bolsonaro tentou emplacar o seu nome para comandar a PF Rio
Notícia de fato
Em outro ponto, a defesa de Moro afirmou que o Ministério Público Federal pediu o desmembramento do relatório do Coaf que citava Queiroz ‘visando a instauração de mais uma notícia de fato’ relacionada ao documento. A Procuradoria não deu mais detalhes.