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PF indicia Bumlai por “manobras ilícitas”

Amigo do ex-presidente Lula responde pela prática dos crimes de corrupção passiva e gestão fraudulenta

                                  Foto: Valter Campanato / Agência Brasil / CP
A Polícia Federal indiciou nesta sexta o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso como alvo central da 21.ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Passe Livre, pela prática dos crimes de corrupção passiva e gestão fraudulenta.

“Considerando-os, uma vez que consistem em robusto corpo probatório, buscou-se reforçar, a partir dos resultados preliminares da execução dos mandados de busca e apreensão e outras medidas de polícia judiciária, as provas acerca dos fatos criminosos aparentemente cometidos por José Carlos Costa Marques Bumlai para quitar o empréstimo tomado junto ao Banco Schahin”, escreve o delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace, da equipe da Lava Jato, em Curitiba.

Bumlai foi preso preventivamente no dia 24 de novembro acusado de tomar um empréstimo de R$ 12 milhões com o Banco Schahin, em 2004, “o qual possivelmente tinha como beneficiário final o Partido dos Trabalhadores”.

“Para tanto, praticou diversas manobras ilícitas em conluio com os gestores de instituições financeiras do Grupo Schahin – o banco e a securitizadora -, consistentes, dentre outras, em produção de diversos documentos ideologicamente falsos, os quais propiciaram vantagens ao próprio grupo e seus dirigentes, bem como a José Carlos Bumlai, uma vez que foi possível quitar, de maneira indevida, o empréstimo tomado inicialmente em 2004”, afirma o despacho da Polícia Federal.

Embriões

Para tentar regularizar o empréstimo nunca quitado legalmente, Bumlai teria simulado a dação de embriões de gado nobre para fazendas do Grupo Schahin. “Bumlai sustenta, ainda assim, que a versão dos colaboradores e testemunhas envolvidos nessa apuração é inverídica, alegando que possui todos os documentos que atestam a venda dos embriões bovinos as fazendas do Grupo Schahin”, registra a PF.

“Os documentos supostamente comprobatórios da venda dos embriões e consequente quitação do empréstimo contêm inconsistências que dão robustez ao corpo probatório já produzido de que se trataram de operações simuladas”, diz o delegado.

A Schahin, conforme o Ministério Público, foi compensada com um contrato de US$ 1,3 bilhão com a Petrobrás, assinado em 2009, para operação do navio-sonda Vitoria 10.000. Bumlai e o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, teriam atuado para dirigir essa contratação. Pelo menos três delatores, entre eles o próprio Fernando Baiano e um dos donos do Grupo Schahin, confirmaram a fraude.

O empresário nega todas as acusações, diz não ser filiado ao PT e que conheceu Fernando Baiano “como um empresário, representante de uma grande empresa espanhola”.
Correio do Povo