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PF cobra de Heleno provas sobre falhas na segurança no Rio reclamadas por Bolsonaro

Corporação pediu que Gabinete de Segurança Institucional encaminhe documentos com todas as eventuais trocas de comando na chefia do escritório regional da pasta entre 2019 e 2020

Planalto alega que, no vídeo, presidente se referia à sua segurança pessoal no Rio de Janeiro 

A Polícia Federal enviou despacho ao Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo ministro Augusto Heleno, cobrando a apresentação de provas que apontariam a insatisfação do presidente Jair Bolsonaro com a segurança pessoal dele e de seus familiares no Rio de Janeiro. A versão do governo é que as declarações do chefe do Executivo sobre durante a reunião ministerial se tratava de reclamações sobre a segurança pessoal, e não sobre a Polícia Federal.

A PF quer que o ministro apresente todas as eventuais trocas de comando na chefia do Escritório Regional do GSI no Rio de Janeiro entre 2019 e 2020, o detalhamento de eventuais óbices ou embaraços a nomes escolhidos para a segurança pessoal de Bolsonaro e seus familiares no período e informações sobre eventual extensão desde o ano passado da segurança pessoal do presidente.

As declarações de Bolsonaro se tornaram públicas na sexta-feira, após o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal determina a divulgação da gravação da reunião ministerial. Entre palavrões e ameaças, as imagens mostram o presidente cobrando mudanças no governo e fazendo pressão sobre Moro e os demais auxiliares sob a alegação de que não vai esperar ‘foder a minha família toda.

“Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, disse Bolsonaro.

O Planalto alega que, neste momento, o presidente se referia à sua segurança pessoal no Rio de Janeiro, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional, sob comando do ministro Augusto Heleno. Ele não faz nenhum apontamento sobre a declaração durante a reunião.

Reportagem do Jornal Nacional, no entanto, mostrou que o presidente fez alterações, incluindo a promoção, de servidores em sua segurança pessoal semana antes da reunião sem qualquer dificuldade.

Moro, por sua vez, acusa o presidente de ameaçar demiti-lo caso não aceitasse a saída de Maurício Valeixo da direção-geral da PF e a substituição do comando da corporação no Rio de Janeiro, foco de interesse da família presidencial.

Furna da Onça

As solicitações foram feitas no mesmo despacho que pede o compartilhamento do inquérito que apura suposto vazamento da Operação Furna da Onça, que atingiu o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. Neste caso, o empresário Paulo Marinho acusou um delegado da PF de repassar informações sobre a investigação à família Bolsonaro e adiar a deflagração da operação para depois do segundo turno das eleições.

Marinho será ouvido pela PF no inquérito Moro versus Bolsonaro nesta terça-feira, às 9h na sede da Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

O documento também pede que a Superintendência Federal do Rio apresente índices mensais e o compilado anual de produtividade operacional da corporação fluminense de 2017, 2018 e 2019 e os dados anuais de produtividade operacional de todas as unidades da Polícia Federal no último triênio, assim como a metodologia empregada para medir tais índices.

Correio do Povo