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Pesquisa medirá impactos da pandemia na saúde mental de profissionais da linha de frente no RS

Estudo inclui médicos, residentes e estudantes de medicina que atuam balinha de frente da Covid-19 no Estado

Simers lançou uma pesquisa regional para produzir dados estatísticos sobre a saúde mental da categoria

 

Como a sobrecarga de trabalho e os diferentes problemas vivenciados no atendimento aos pacientes estão impactando os médicos que estão na linha de frente do enfrentamento à Covid-19? Com o objetivo de responder essa e outras questões, o núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) lançou nesta segunda-feira uma pesquisa regional para produzir  dados estatísticos sobre a saúde mental da categoria a fim de promover melhorias estruturais e  políticas públicas em prol da classe.

Um questionário composto por onze perguntas será distribuído entre médicos, residentes e estudantes de medicina do Rio Grande do Sul. A previsão é de que o resultado esteja pronto em 45 dias, sendo que nos próximos 15 dias, ocorrerá a coleta das respostas para posterior modelagem metodológica e análise do levantamento.

Quadro de ansiedade e sintomas de depressão

O psiquiatra e coordenador do núcleo de psiquiatria do Simers e da pesquisa, Fernando Uberti, menciona  um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o qual demonstrou que, durante a pandemia, 80% dos médicos da linha de frente apresentaram quadro de ansiedade e 68% manifestaram sintomas de depressão.

O especialista afirma que, na pandemia, aumentou de forma expressiva a busca por ajuda psiquiátrica e psicológica dos médicos que atuam diretamente no tratamento de Covid-19, mas ainda não há um número que retrate isso, o que originou a necessidade de fazer um levantamento com um recorte regional. “ Nossa finalidade é identificar o grau exato do sofrimento desses profissionais, já que,até então, o que sabemos é empírico”, esclarece.

Uberti diz que o questionário será enviado para os associados ao Simers, que são 15 mil profissionais (entre médicos e residentes),  o que corresponde a 50% do total de médicos  do Estado, e para cerca de 600 estudantes de medicina associados ao núcleo acadêmico do Simers. “Para fazer o cálculo,  precisamos receber entre 800 e 900 respostas dos médicos e de 300 a 400 respostas dos estudantes”, explica, esclarecendo que pretende ampliar também para estudantes não associados, já que o Estado contabiliza dois mil estudantes de medicina.

O coordenador da pesquisa enfatiza que os médicos, pela natureza da função, em comparação com as demais profissões, de uma forma geral, têm mais riscos de desenvolver transtornos psiquiátricos. “Há uma sobrecarga de horários, condições precárias de trabalho, entre outros fatores, que tornam a profissão mais suscetível aos problemas de saúde mental”, explica.

Programa

O coordenador da pesquisa conta que a entidade desenvolveu em outubro de 2020 um programa chamado “SIM Mental”, que disponibilizou psiquiatras e psicólogos para o atendimento desses profissionais. “Foi uma espécie de convênio, com valores especiais, para os profissionais da linha de frente associados ao Simers”, comenta.

Além disso, com o resultado em mãos, Uberti pretende apresentá-lo às lideranças políticas de todas as esferas para ressaltar a importância de investir em assistência psiquiátrica, principalmente do sistema público,já que os danos da pandemia “devem persistir de cinco a dez anos”. O psiquiatra pontua que a pesquisa integra apenas médicos porque é uma iniciativa de uma entidade que representa essa categoria.

Uberti enfatiza  que a entidade, neste momento,está atuando pela proteção e cuidado do associado, além de zelar pelas melhorias profissionais da categoria.