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Patriarca da Odebrecht diz que caixa 2 reinou no País

Emílio Odebrecht prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro em ação da Lava Jato

Foto: Ricardo Giusti / CP / Memória

O empresário Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, afirmou nesta segunda-feira, ao juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, que os pagamentos não contabilizados, o caixa 2, existem e reinaram desde seu antepassado no Brasil. Ele depôs como testemunha de defesa do filho Marcelo Bahia Odebrecht, que está preso desde 19 de junho de 2015.

“Isso (caixa 2) sempre foi o modelo reinante no País e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da época do meu pai, da minha época e também de Marcelo, de todos aqueles que foram executivos do grupo”, afirmou Emílio.

“Sim, sabia que existia uso de recursos não contabilizados. Sempre foi modelo reinante no país e que veio até recentemente. O que houve impedimento a partir de 2014. Até então, sempre existiu. Desde minha época, da época do meu pai e também de Marcelo, sem dúvida nenhuma”, afirmou.

Testemunha de defesa do filho Marcelo Odebrecht, preso em junho de 2015 na Lava Jato, Emílio depôs hoje, via videoconferência, da Justiça Federal em São Paulo.

Os depoimentos de Emílio Odebrecht e do ex-executivo do grupo Márcio Faria, que fizeram delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR), foram colocados sob sigilo, por Moro, a pedido da defesa. O Estadão teve acesso aos vídeos.

Emílio falou a Moro por videoconferência, da Justiça Federal, em São Paulo. Ele negou corrupção na Petrobras e argumentou que não foi o filho, Marcelo, o responsável pelos pagamentos não contabilizados da empresa.

“O senhor tinha conhecimentos de pagamentos não contabilizados pela Norberto Odebrecht?”, questionou a defesa de Marcelo.

“Sim. Sabia que existia, exatamente uso de recursos não contabilizados”, respondeu Emílio.

O advogado questionou se a “sistemática de pagamentos de recursos não contabilizados” da Odebrecht foi criada pelo presidente afastado do grupo Marcelo Odebrecht, que é réu no processo.

“Não, em hipótese nenhuma.”

Nessa ação penal, o herdeiro do grupo é réu por pagar propinas para o PT via ex-ministro Antonio Palocci.

Emílio lembrou que em sua época à frente do comando da Odebrecht, antes de Marcelo, já se pagava caixa 2 e que dois executivos do grupo eram os homens de sua confiança responsáveis por esses pagamentos. “Um falecido e outro com alzheimer.”

Moro também perguntou se Emílio sabia de um esquema de corrupção que envolvia a Petrobras, mas o empresário afirmou que não tinha conhecimento do caso “em nenhum momento”. Também respondeu sobre pagamentos não-contabilizados da Odebrecht: “Sabia que existia recursos não contabilizados”.

Palocci

O juiz federal também quis saber se Emílio tinha alguma ligação com o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci: “Sempre troquei ideias com ele (Palocci), tinha capacidade de conhecer a política, homem de visão estadista, trocava muitas ideias. […] Comigo ele não solicitou nada”.

Questionado se o apelido de Palocci nas plabilhas da Odebrecht era “Italiano”, Emílio disse não ter certeza.

“Italiano pode ser também o nosso Palocci, mas todos que tem descendência italiana podem ser também… Não saberia dizer se efetivamente o italiano a que se referem aí… se era o Dr. Palocci. Com certeza também era”.

Em 19 de junho de 2015, Marcelo Odebrecht foi preso durante a 14ª fase da Lava Jato. Batizada de “Erga Omnes”, que em latim significa “vale para todos”, a operação capturou não apenas o então presidente da empreiteira, mas executivos ligados à cúpula da empresa.

Confira abaixo os vídeos do depoimento de Emilio Odebrecht obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo

Correio do Povo