Na representação criminal, membros do MPF dizem que o ex-presidente espalhou informações falsas sobre o sistema eleitoral
Um documento assinado por 80 procuradores da República pede que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado por incitação ao crime em relação aos atos de vandalismo realizados em Brasília, no domingo passado. A representação criminal alega que publicações de Bolsonaro em redes sociais podem ter incentivado os ataques.
O documento lembra que, após as eleições de outubro, vencidas pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rodovias foram fechadas no país, e que o ápice desses atos culminou com a invasão das sedes dos Três Poderes.
Os procuradores entendem que o ex-presidente espalhou informações falsas sobre o sistema eleitoral. “Esse breve relato demonstra que, ao longo dos últimos anos, Jair Messias Bolsonaro se comportou de forma convergente com amplas campanhas de desinformação envolvendo o funcionamento das instituições brasileiras e as eleições do país”, enfatiza o texto.
“Ocupando o mais alto cargo do país, em numerosas oportunidades ele lançou, sem qualquer respaldo na realidade, dúvida sobre a higidez dos pleitos que, aliás, o elegeram ao longo de décadas. Suas falas, portanto, mostraram-se ocupar uma posição de destaque na câmara de eco desinformativo do país, e contribuíram para que a confiança de boa parte da população na integridade cívica brasileira fosse minada”, segue o documento.
O pedido de investigação chegou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que decide se dá ou não prosseguimento à representação criminal. Jair Bolsonaro está em Orlando, nos Estados Unidos. Ele viajou ao país pouco antes de deixar o cargo, mas disse que pretende voltar até o fim deste mês.