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Odebrecht teria citado repasse de R$ 13 milhões a Lula em depoimento

Defesa do ex-presidente nega taxativamente o recebimento de recursos ilícitos

Defesa do petista nega taxativamente seu envolvimento em qualquer tipo de ilegalidade | Foto: Fernando Frazao / Agencia Brasil / CP

O ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, teria confirmado nesta segunda-feira, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o “amigo” registrado na planilha de propinas milionárias da empreiteira. Marcelo Odebrecht teria dito, ainda, que “Italiano” – alcunha também lançada na planilha – é uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci e “Pós Itália”, referência ao ex-titular da Fazenda Guido Mantega.

As informações foram divulgadas pelo site O Antagonista e confirmadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Ao citar valores, conforme relatos, Marcelo Odebrecht disse que R$ 13 milhões em espécie sacados pelo ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, ou “Programa B”, entre 2012 e 2013, foram entregues a Lula. A defesa do petista nega taxativamente seu envolvimento em qualquer tipo de ilegalidade.

O empreiteiro foi interrogado durante duas horas e meia em ação penal na qual é réu junto com Palocci – ambos cumprem prisão preventiva em Curitiba. Marcelo Odebrecht falou ainda sobre os R$ 4 milhões que teriam sido repassados ao Instituto Lula e na soma de R$ 12,4 milhões supostamente investidos na compra do prédio do Instituto. Também abordou a cifra de R$ 50 milhões em propinas para Mantega que teriam sido usados na campanha da presidente cassada Dilma Rousseff.

No depoimento ele praticamente reiterou o que já havia dito à Procuradoria-Geral da República e ao Tribunal Superior Eleitoral. Como delator da Lava Jato Marcelo Odebrecht se obrigou a responder a todas as perguntas, diferentemente da primeira vez em que foi ouvido por Moro, ainda em 2016.

Na ocasião, limitou-se a entregar esclarecimentos por escrito, não respondeu a nenhuma indagação do magistrado e acabou condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro do esquema de propinas e cartel na Petrobrás.

Nesta ação Marcelo Odebrecht e Palocci são réus ao lado de outros 13 acusados. Segundo o Ministério Público Federal, o ex-ministro da Fazenda e Casa Civil teria recebido propinas de R$ 128 milhões da empreiteira. Relatório da Polícia Federal entregue ao Ministério Público Federal e a Moro já havia cravado que o “amigo” da planilha de corrupção era uma alusão a Lula. O empreiteiro confirmou a Moro que tentou avisar o governo Dilma do risco de que a Lava Jato pudesse chegar à conta secreta do marqueteiro João Santana. Disse que foi até o México alertar pessoalmente a então presidente, mas ela não demonstrou preocupação.

Marcelo Odebrecht afirmou no interrogatório que Palocci era “o intermediário” e “o principal interlocutor” da empresa com o governo Lula. Ele confirmou uma doação de R$ 4 milhões ao Instituto Lula em 2014. O recurso, disse, saiu da conta corrente que supostamente o petista tinha com a empreiteira e foi registrada na “Planilha Italiano”, subplanilha “Amigo”. Marcelo Odebrecht afirmou que por meio de uma empresa laranja, a empreiteira comprou o terreno que serviria para abrigar a sede da entidade.

Defesa

Em nota, a assessoria do ex-presidente afirmou que o instituto “funciona em uma casa adquirida em 1991 pelo antigo IPET, que depois seria Instituto Cidadania e depois Instituto Lula”. “O instituto jamais teve outra sede ou terreno”. Conforme o comunicado, o ex-presidente Lula “jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa para qualquer fim e isso será provado na Justiça”. “Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como ‘amigo’, que nem essa planilha nem esse apelido são de sua autoria ou do seu conhecimento, por isso não lhe cabe comentar depoimento sob sigilo de justiça vazado seletivamente e de forma ilegal”, diz a nota.

Correio do Povo