Presidente defendeu que a população não se deixe ser tomada pelo pavor
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que “os mais afetados pela pandemia, ou seja, os que foram a óbito, foram os obesos e, segundo ele, os que estavam “apavorados”. “Uma pessoa apavorada tem seu sistema imunológico abalado e ela sofre mais quando acometido de uma doença qualquer. E o vírus não é diferente”. A fala ocorreu durante uma entrevista ao Canal Rural na noite desta terça-feira.
Bolsonaro falou ainda que “o trabalho ajuda a prevenir as consequências nefastas da pandemia. Para quem tem o corpo são, é a melhor maneira de se imunizar contra tudo que está aí. Devemos deixar de ser tomados pelo pavor”, defendendo a retomada de todas as atividades econômicas, sejam formais ou informais.
Economia
O presidente atribuiu a inflação à pandemia e disse que o mundo todo enfrenta esse problema. “Em março/abril do ano passado máxima era: fique em casa, que a economia a gente vê depois. Achamos a conta pra pagar”. “Nós fomos um dos 5 países que menos perdeu na economia, dada a medida que nós adotados por ocasião da pandemia. Se deixassémos à vontade o mercado, seria um desastre para o Brasil. Nós conseguimos terminar 2020 com mais pessoas empregadas com carteira assinada do que em dezembro de 2019”, disse Bolsonaro.
Segundo o presidente, a previsão é de que a economia brasileira cresça mais de 4% neste ano. “Seria, ao meu entender, um número excepcional”.
Meio ambiente
Bolsonaro culpou rivais comerciais pelas acusações internacionais de que o Brasil não estaria combatendo o desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia. “Países outros que têm uma economia parecida com a nossa buscam nos atingir para tirar o Brasil desse grande mercado que é o do agronegócio”, disse.
“No momento não se fala em queimadas no Brasil. Não se fala em desmatamento. Por quê? Os números têm monstrado que nós conseguimos, com medidas preventivas, diminuir isso aí”.
Sobre a Conferência das Partes (COP) 26, evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que ocorre em novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia, o presidente diz que “nos faremos presentes” e que o ministro do Meio Ambiente “está fazendo um trabalho excepcional para que nós cheguemos na COP sem traumas, sem um número majorado de desmatamento e focos de incêndio”.
Marco temporal
“O marco temporal foi decidido quando se discutiu o caso Raposa-Serra do Sol. Lamentavelmente abriu-se uma nova discussão dentro do Supremo. Eles querem que essa data não esteja especificada”, disse o presidente. “Se isso vier a acontecer, nós podemos, de imediato, ter na nossa frente centenas de novas áreas para serem demarcadas. Além do prejuízo para o produtor rural, porque muitos tem familiares que há mais de cem anos ocupavam aquela terra. Essas terras, que hoje são produtivas, poderiam deixar de ser produtivas. Seria um caos para o Brasil”. O julgamento do tema pelo Plenário do STF está marcado para esta quarta-feira (25).
Bolsonaro disse ainda que espera que o STF não modifique a tese do marco temporal, que prevê que só serão demarcadas as terras indígenas ocupadas ou em disputa antes ou exatamente no dia 5 de outubro de 1988.
STF
Sobre o Supremo Tribunal Federal, o presidente disse que “alguns poucos ministros” se excedem. “Não pode um ministro abrir um inquérito, ele investiga, ele julga e ele pune. A nossa Constituição é bem clara quando fala da liberdade de expressão, do direito de ir e vir, entre tantos outros direitos. E gostando ou não nós temos a obrigação de cumprir a nossa Constituição, que é uma maneira de que nós possamos viver em harmonia. Lamentavelmente, o ministro [Alexandre de Moraes] tem agido de forma completamente diferente disso”.
Bolsonaro afirmou que Alexandre de Moraes, no inquérito das fake news, está extrapolando o que diz a Constituição. “Nós somos livres para emitir nossas opiniões políticas, ideológicas, seja lá o que for. Então é um ponto de atrito”.
Correio do Povo