Exército americano reconheceu na terça-feira ter bombardeado “por erro”
Foto: Nicholas Kamm / AFP / CP
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou nesta quarta-feira à presidente da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) para pedir “desculpas” após o bombardeio americano a um hospital da organização em Kunduz, no Afeganistão.
A MSF, por sua vez, exigiu uma investigação internacional sobre o ataque que deixou 22 mortos, entre pacientes e pessoal sanitário.
A MSF, por sua vez, exigiu uma investigação internacional sobre o ataque que deixou 22 mortos, entre pacientes e pessoal sanitário.
As Forças Armadas americanas ofereceram várias explicações sobre o ataque aéreo, inicialmente considerado um “dano colateral”, e agora admitem um “erro”, como Obama esclareceu durante o telefonema à presidente da MSF, Joanne Liu.
Obama telefonou “para se desculpar e apresentar suas condolências”, anunciou seu porta-voz, Josh Earnest, que indicou que o presidente também falou com o presidente afegão Ashraf Ghani e se comprometeu com a realização de uma investigação completa e transparente.
Três investigações, uma americana, uma afegã e uma da Otan, já foram diligenciadas sobre este caso, mas a MSF, que chama o ataque de “crime de guerra”, disse nesta quarta-feira que “não confia em uma investigação militar interna”.
Sua presidente, Joanne Liu, exigiu uma “comissão internacional humanitária para restabelecer os fatos” que provocaram a morte de 12 funcionários da ONG e de 10 pacientes, além da destruição do edifício principal de seu hospital em Kunduz, um estabelecimento de saúde vital para os civis presos entre o fogo dos combates entre o exército afegão e os rebeldes talibãs.
“Não se tratou apenas de um ataque contra nosso hospital, mas de um ataque contra as Convenções de Genebra. Não o toleraremos”, afirmou Liu, invocando as regras do direito humanitário em tempos de guerra.
Assinadas em 1949, as Convenções de Genebra codificam sobretudo o comportamento que os beligerantes devem adotar para proteger os feridos e doentes “em qualquer circunstância”.
De maneira mais precisa, MSF exige que seja ativada uma comissão de investigação existente desde 1991, mas que nunca foi utilizada e que requer o impulso de um dos seus 76 Estados signatários.
“Pedimos ao presidente (americano Barack) Obama que autorize a comissão de investigação”, afirmou o diretor da MSF nos Estados Unidos, Jeson Cone, durante coletiva de imprensa em Nova Iorque.
“Com isso enviará um poderoso sinal do compromisso e respeito do governo dos Estados Unidos pelo direito humanitário internacional e pelas regras em tempos de guerra”, acrescentou.
A MSF rejeita a palavra erro utilizada pelo general americano John Campbell, comandante dos 13.000 soldados estrangeiros mobilizados no Afeganistão, com a qual na terça-feira classificou este bombardeio.
“Infelizmente”, este bombardeio “não foi um erro”, estima Mego Terzian, presidente da MSF França.
Obama pede desculpasA Casa Branca informou que Barack Obama telefonou nesta quarta-feira à presidente da MSF para pedir desculpas após o bombardeio contra o hospital em Kunduz.
Obama também telefonou para apresentar suas condolências.
Segundo a Casa Branca, Obama, que também falou com o presidente afegão Ashraf Ghani, se comprometeu com a realização de uma investigação completa e transparente.
Indagado sobre o pedido da MSF para que seja realizada uma investigação internacional, Obama declarou confiar no Pentágono na execução de uma investigação “transparente e objetiva”.
Na terça-feira, ante uma comissão do Senado, o general Campbell admitiu que o hospital da MSF em Kunduz foi bombardeado por erro em um ataque americano solicitado pelos afegãos, mas decidido pela rede de comando americana.
Correio do Povo