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Novo grupo de venezuelanos desembarca no Rio Grande do Sul

Dos 92 que chegaram a Porto Alegre, 40 irão para Cachoeirinha e 52 para Chapada, no Norte do Estado

Venezuelanos chegaram ao Estado em avião cedido pela Força Aérea Brasileira | Foto: Jessica Hübler / Especial CP

O grupo de 92 venezuelanos que deixou Boa Vista, em Roraima, desembarcou em Porto Alegre no início da tarde desta quinta-feira. Após os trâmites legais, 40 homens foram levados para Cachoeirinha, na Região Metropolitana, e 52, entre homens, mulheres e crianças, viajaram para a cidade de Chapada, no Noroeste do Estado, a aproximadamente 329 quilômetros de Porto Alegre.

A ação faz parte de mais uma etapa do processo de interiorização de imigrantes que chegaram pela fronteira do País e estavam em situação de extrema vulnerabilidade. Os venezuelanos encaminhados para Cachoeirinha foram recepcionados sob aplausos dos conterrâneos que já haviam sido acolhidos, no início da semana, no abrigo da cidade, localizado na rua Ruy Barbosa, 65, nas proximidades da divisa do município com a Capital. À noite, eles participam de um jantar oferecido pelo CTG Sinuelo da Amizade.

Jessica Hübler@jesshubler

O grupo saiu de Boa Vista, no estado de Roraima, às 8h. Desembarque ocorre neste momento e depois eles seguem para os abrigos@correio_dopovo @agora_CP

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Grupo de 40 venezuelanos é recebido com aplausos pelos conterrâneos em abrigo de Cachoeirinha@correio_dopovo @agora_CP pic.twitter.com/LUfl5UmjDz

Novas perspectivas

O grupo que chegou na terça-feira realizou o Cadastro Único e fez entrevistas individualizadas com a psicóloga da Prefeitura, Luciane Carraro, com o objetivo de traçar um perfil social e profissional.

Entre os recém chegados está o jovem Samir Martinez, 22 anos, que chegou ao município gaúcho com um boné e uma jaqueta estampados com as cores da terra natal. Na Venezuela ele cursava Engenharia da Computação e não conseguiu concluir os estudos por conta da crise. “As pessoas foram corrompidas e perdeu-se a ética no meu país. Ainda amo minha terra e pretendo voltar, mas agora vou pensar no tempo que tenho no Brasil”, disse.

Após 40 dias vivendo em Boa Vista, Martinez afirmou que a situação estava complicada. “Cheguei em busca de emprego e não encontrava nada, estava complicado e precisei morar nas ruas”, contou, ressaltando que está feliz de chegar ao Rio Grande do Sul e pretende buscar cursos na área de Produção Audiovisual, pois tem um canal no Youtube e quer se profissionalizar.

De acordo com a assistente social Simone Moraes, da Secretaria de Assistência Social, Cidadania e Habitação de Cachoeirinha, as características dos grupos são variadas. Em média, eles estão entre a faixa etária de 20 a 38 anos e muitos possuem ensino superior completo.

É o caso do médico Andrés Eduardo Castellanos, 22 anos, que é pediatra especializado em neonatologia. Ele trabalhava com recém-nascidos em hospitais da Venezuela e precisou buscar alternativas no Brasil, pois não estava recebendo salário. Em busca de condições melhores, Castellanos deixou os irmãos e a mãe na terra natal e chegou a Roraima em outubro de 2017. Prestes a completar um ano em território brasileiro, ele explicou que busca oportunidades de emprego na medicina. “Quero exercer minha profissão, seguir estudando e ajudar minha família”, enfatizou.

Além disso, destacou que a situação em Roraima está cada vez mais complicada. “Quando cheguei consegui trabalhar em uma padaria, mas a cada dia que passa mais gente atravessa a fronteira e não existem mais oportunidades”, detalhou.

De acordo com o secretário municipal de Assistência Social, Cidadania e Habitação de Cachoeirinha, Valdir Mattos, a prefeitura precisa da ajuda da comunidade com doações de roupas masculinas e alimentos para auxiliar os imigrantes. As contribuições podem ser entregues na Secretaria de Assistência Social, Cidadania e Habitação, na avenida general Flores da Cunha, 2209. Para informações e orientações sobre como atuar como voluntário, o Executivo municipal disponibilizou dois telefones: 997181754 ou 991186207.

Segundo Mattos, a prioridade dos imigrantes é emprego. “Queremos contar com a comunidade, com empresários. Temos recebido várias atenções e manifestações de apoio, mas precisamos mesmo é colocá-los no mercado de trabalho. Além é claro das doações, que são importantes. Precisamos de todo tipo de ajuda”, afirmou. Ainda conforme Mattos, o mais importante é recebê-los de braços abertos. “Estão todos ansiosos, querendo trabalhar, deixaram famílias. Temos pessoas muito qualificadas e é importante valorizar isto”, disse.

Correio do Povo