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Nonno na praia – Viviane M Foresti

Nonno na praia

Antes de tudo, eram os anos 70, nossa primeira casa na praia, veraneio em família e com o Nonno recém viúvo e disponível, à tiracolo….
Seu ritual começava cedo, acordava, tomava um chimarrão e sentava na frente da casa para ver o movimento, naquela época mínimo, mas mesmo assim infinitamente maior do que em Sarandi.
Lá pelas 10 h, vestia seu calção de banho, que merece uma descrição detalhada: um shortinho de helanca com estampa de gorgorão de poltronavelha, que começava na metade do peito mas não era comprido o suficiente para cobrir o “saco”, para desgosto da mãe, sua filha, e alegria dos netos.
Então “descia” para a praia.
Sim, naquele tempo a gente descia para a praia e subia para casa, não perguntem porque, considerando a falta de desnível de nosso litoral….
Ao chegar na areia ficava mais ou menos 15 minutos aguentando o nordestão, tempo suficiente para olhar as mulheres , tão despudoradas em seus biquínis ínfimos e tecer alguns comentários pertinentes: “ Madonna , che culo!” ou “ Porca miseria, che trabuco!”
Não esqueçam que os biquínis diminuíram nesta década, surgindo a tanga, o asa delta, o cortininha, o lacinho e por fim o “fio dental”, que proporcionava a maior alegria de todos, mesmo que fosse considerado “una poca vergogna”.
Depois de ter apreciado o mulherio andava até o mar, molhava os pés e quando a água gelada do Oceano Atlântico alcançava o dito “saco” exclamava: “porco zio l’acqua è fredda” e já entendíamos que era hora dele subir .
Hora de tomar um “bicereto” de uma azulzinha puríssima de Santo Antônio da Patrulha,comprada na vinda, quando se parava para comer um sonho.
Hora de sentar na varanda, fumar um Minister sem filtro e ficar curingando a mulher do general, que morava na casa em frente e que segundo ele estava lhe dando bola.
Não sei se ela chegou a se dar conta deste admirador secreto, mas mesmo sem saber tornou seus verões menos monótonos ,mais emocionantes e com muitas histórias para contar aos netos…
VivianeM Foresti

Glossário livre
helanca = precursor do suplex
Madonna , che culo = Nossa Senhora, que bunda
Porca miseria, che trabuco = Que horror, que canhão, mocréia , bagulho, baranga
poca vergogna = Pouca vergonha
porco zio l’acqua è fredda = Meus Deus que água fria
bicereto = copinho