Segundo os cientistas, três deles podem conter água em suas superfícies
Nasa anuncia descoberta de novos planetas em sistema a 40 anos-luz do Sol | Foto: Nasa / Divulgação / C
Nasa anunciou nesta quarta-feira a descoberta de novos planetas no sistema planetário TRAPPIST-1, localizado a 40 anos-luz do Sol. Este sistema é composto de sete planetas, todos com tamanho próximo ao da Terra e estão localizados em uma zona com temperatura entre 0ºC e 100ºC. Destes, três podem conter oceanos de água em suas superfícies, o que suscita possibilidade para que o sistema tenha condições de abrigar vida.
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É a primeira vez que tantos exoplanetas desse tamanho são encontrados em um sistema planetário. Eles estão em órbita muito estreita entre si e muito próximas à sua estrela, mas ela é tão pequena que é fria, o que faz com que os planetas sejam temperados”, disse o autor principal do estudo, o astrofísico belga Michaël Gillon, da Universidade de Liège, na Bélgica.
Os cientistas consideram que um determinado planeta está na “zona habitável” quando ele fica a uma distância de sua estrela que permitiria, teoricamente, a existência de água líquida em sua superfície. Quanto mais a estrela é quente, mais distante fica a zona habitável.
Segundo o estudo, o novo sistema planetário fica a 39 anos-luz da Terra – uma distância pequena para os padrões astronômicos. Os novos exoplanetas – como são chamados os planetas existentes fora do Sistema Solar – têm massa semelhante à da Terra e provavelmente também sejam rochosos, segundo os autores.
A descoberta partiu de estudos liderados por Gillon, cuja equipe relatou, em maio do ano passado, a detecção de três exoplanetas que orbitavam uma estrela anã extremamente fria, chamada Trappist-1 – uma estrela é tão pequena que não chega a ser muito maior que Júpiter e seu brilho é cerca de mil vezes mais fraco que o do Sol.
A partir de então, os autores conduziram um projeto de monitoramento intenso da Trappist-1, que permitiu identificar mais quatro exoplanetas.
Para a detecção e o estudo dos planetas do Sistema Trappist-1, foram usados o telescópio espacial Spitzer, da Nasa, e o Telescópio Liverpool, da Universidade John Moore de Liverpool, no Reino Unido.
Os cientistas concluíram que pelo menos três dos planetas podem ter oceanos de água em suas superfícies, o que aumentaria a possibilidade de que o novo sistema planetário possa abrigar vida. De acordo com Gillon, no entanto, será preciso fazer novos estudos para caracterizar cada um dos planetas.
“Conseguimos obter medidas e dados de seis dos sete planetas. Em relação ao planeta mais distante da estrela, porém, ainda desconhecemos seu período orbital e sua interação com os outros seis planetas”, disse Gillon.
De acordo com ele, os seis planetas mais próximos da estrelas têm períodos orbitais – isto é, o tempo que o planeta leva para dar uma volta completa em sua estrela -, que vão de 1,5 a 13 dias. O fato de um “ano” nesses planetas durar apenas alguns dias ocorre porque eles estão muito próximos de sua estrela, que é muito pequena.
O planeta mais próximo da estrela é o mais rápido de todos: quando ele completa oito órbitas, o segundo, o terceiro e o quarto planetas perfazem, respectivamente, cinco, três e duas voltas ao redor da estrela. Com essa configuração, segundo os astrônomos, cada um dos planetas tem influência gravitacional nos outros.
Correio do Povo