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“Muitas crianças iam perder as vidas”, diz monitor de escola que imobilizou adolescente durante ataque no norte do RS

“Muitas crianças iam perder as vidas”, diz monitor de escola que imobilizou adolescente durante ataque no norte do RS

Luís Carlos dos Santos atingiu o menino com uma pá enquanto ele agredia alunos da instituição

Luís Carlos dos Santos disse que gritou para as crianças fugirem do local no momento do ataque.Cristiano Junkherr / Grupo RBS

O monitor Luís Carlos dos Santos foi o responsável por desarmar o adolescente e impedir que ele continuasse o ataque na Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação, norte gaúcho, na manhã desta terça-feira (8). Uma criança morreu e outras três pessoas ficaram fe

Ele conta que arrumava brinquedos das crianças após o recreio, quando o adolescente de 16 anos pediu para ir ao banheiro.

— E eu fui acompanhar atrás. Ele estava com a mochila nas costas e tirou uma faca e começou a querer agredir as crianças — disse.

Neste momento, o monitor conta que gritou para que as crianças fugissem. O adolescente ingressou em uma das salas do terceiro ano, onde agrediu um dos meninos no fundo do local.

Na sequência, o suspeito começou a atirar bombinhas no chão, momento em que o monitor pediu socorro aos vizinhos e alertou outros alunos e funcionários da escola para saírem da instituição de ensino.

Ele também foi até o depósito, pegou uma pá, atingiu o agressor nas costas e conseguiu conte-lo até a chegada da Brigada Militar.

— Ataquei com ele com a pá. Eu tenho que me doar por essas crianças. Eu tenho que morrer no lugar dessas crianças. Porque a gente tem uma instrução nessas crianças. Mas foi tão rápido umas coisas assim que ele ficou.

Santos relata que a ação pode ter evitado uma tragédia ainda maior:

— (A tragédia ia ser) muito maior. Muitas pessoas, muitas crianças iam perder as vidas. Iam muito porque o homem estava possuído, o menino. Estava possuído.

No momento, o monitor disse que agiu pelo instinto para tentar conter o agressor.

— É isso que eu tive, o instinto de heroísmo. Porque a gente tinha uma preparação para isso. Mas a gente não gostaria que não acontecesse nada. Foi uma fatalidade, uma coisa sem fundamento nenhum — disse.

O que se sabe sobre o caso

Os feridos são duas meninas de 8 anos e uma professora de 34 anos. Uma das crianças segue em atendimento médico, no Hospital Santa Terezinha, em Erechim. A professora ferida foi transferida para o Hospital de Caridade, também em Erechim. Eles não correm risco de morte.

A criança que morreu foi identificada como Vitor André Kungel Gambirazi, de nove anos, e estudava no terceiro ano do ensino fundamental. Segundo a polícia, ele foi atingido por pelo menos 11 golpes de faca, quase todos na região das costas.

Segundo o prefeito Geverson Zimmerman, o adolescente pediu para entrar na escola para entregar um currículo. A instituição tem 152 alunos.

Em entrevista ao programa Timelime da Rádio Gaúcha, ele relatou a ação do agressor:

— Ele entrou na escola com uma faca, fez uso de bombinhas no chão para assustá-las. Depois entrou em uma sala de aula e feriu uma das crianças gravemente. Outras duas foram atingidas com cortes na cabeça, de forma leve.

Depois do ataque, houve tumulto em frente à escola. O agressor foi imobilizado e apreendido em seguida. Segundo a Polícia Civil, as motivações ainda devem ser esclarecidas, mas informações preliminares apontam que o adolescente fazia acompanhamento psiquiátrico há mais de um ano.

Ainda não há elementos de convicção sobre a real motivação do delito, o que deve ser apurado pela Polícia Civil em breve”, disse o órgão.

Agressor foi apreendido

O adolescente prestou depoimento à Polícia Civil e ao Ministério Público entre o fim da manhã e início da tarde desta terça e, depois, foi apreendido.

— A princípio ele agiu sozinho. Sabemos que ele entrou e foi em apenas uma sala, do terceiro ano. Faremos toda a investigação a partir de agora e maiores informações estão em sigilo — afirmou o delegado Jorge Fracaro Pierezan.