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Morte de contadora intriga moradores de Boa Vista das Missões

Por quase um ano, os moradores se questionaram se ela realmente foi vítima de um crime e por que o corpo não havia sido encontrado. Com a localização de restos mortais, que possivelmente seriam dela, às margens da BR-158, na manhã de segunda-feira, o que intriga a comunidade é o por que a contadora foi morta e quem foram os autores do assassinato.

Em 30 de janeiro do ano passado, Sandra seguiu em direção a Palmeira das Missões, município a 25 quilômetros de Boa Vista, para resolver pendências do escritório de contabilidade, e nunca mais retornou. Para a Polícia Civil e o Ministério Público (MP), o marido e pai das três filhas dela, o vereador Paulo Ivan Landfeldt, foi o mandante do crime.

O político chegou a ficar detido por quatro meses, mas acabou solto e responde ao processo em liberdade. Também foi preso Ismael Bonetto, apontado no inquérito e pela acusação como quem teria matado a contadora, em troca de dinheiro. O pagamento teria sido feito pelo marido. Os dois negam envolvimento no crime.

Na comunidade, acostumada com rotina tranquila, o mistério sobre os motivos do assassinato é tratado com cautela.

— Conhecia a Sandra há muitos anos, ficamos aliviados que acharam o corpo. Pelo menos a família poderá sepultar. Mas é muito triste. O Paulo também é uma pessoa conhecida aqui. Será que faria isso? A gente não sabe o que pensar, por que fizeram isso e quem fez — conta uma comerciante.

O local onde o corpo foi encontrado, ao lado de uma lavoura de soja, dentro de uma propriedade, também intriga a comunidade.

— Como é que podem achar só depois de tanto tempo? Tão perto da rodovia. É tudo muito estranho — questiona-se outra moradora.

MP tem convicção de que marido está envolvido

Corpo de Sandra Mara Trentin foi encontrado em um matagalEspecial / Especial

Durante a investigação, a polícia chegou a investigar se o crime poderia estar ligado a problemas financeiros, envolvendo o escritório de Sandra. Mas isso não ficou comprovado na apuração. O escritório, que hoje tem outro contador, segue funcionando, com novo nome.

— Muitas pessoas vêm perguntar da Sandra, acabamos nos acostumando com isso. Foi ela que tocou esse escritório desde o início e é por ela que seguimos aqui — relata a funcionária do escritório e comadre da contadora, Elisângela Massing Carpes.

— Não preciso ter o motivo para acusar alguém de ter matado. Mas, neste caso, um dos motivos é essa relação conjugal estremecida. Não dormiam nem na mesma cama. Está comprovado que ele tinha relações extraconjugais. O Paulo Ivan praticou o crime para se desvencilhar da relação, sem dividir o patrimônio. Há outros motivos? Pode ser que sim — argumenta.

Para o promotor, a localização do corpo é a prova de que Sandra foi vítima de um crime, como foi apontado pela acusação.

— Isso soterra definitivamente as teses da defesa de que a Sandra estivesse viva e pudesse até ter fugido. Ela estava morta e há bastante tempo — diz.

CONTRAPONTO

O que dizem as defesas

O defensor Antônio Korsack Filho, que defende Ismael Bonetto, ingressou ontem com pedido de soltura do réu. Ele argumenta que a localização do corpo, quase um ano após o sumiço, pode ter sido facilitada pelos autores do crime e que isso não poderia ser feito por Bonetto, que permanece preso.

Os advogados João Taborda e Breno Francisco Ferigollo, que representam Paulo Landfeldt, afirmam que a localização do corpo poderá permitir que a polícia chegue aos verdadeiros culpados pela morte de Sandra. Eles negam qualquer envolvimento do vereador com o crime e afirmam que ele foi extorquido por Bonetto.

Fonte Gaúcha ZH

Por Sidnei Farias Jornalismo RP