Em depoimento, ex-ministro afirma que pediu “máximo empenho” da corporação na apuração de supostos mandantes do crime
Moro prestou depoimento em Curitiba no último sábado, 2, no âmbito do inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as acusações de que Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal. O relator do caso é o ministro Celso de Mello. Durante pronunciamento, Bolsonaro acusou Moro de não ter priorizado as investigações sobre sua facada.
À Polícia Federal, o ex-ministro afirmou que a PF de Minas fez ‘um amplo trabalho de investigação e isso foi mostrado ao presidente ainda no primeiro semestre do ano de 2019’ durante reunião no Palácio do Planalto com a presença do ex-diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, o superintendente em Minas e delegados responsáveis pelo caso. As informações deste caso, excepcionalmente, foram repassadas à Bolsonaro devido à sua condição de vítima e por ser um caso de Segurança Nacional.
Moro relatou que o presidente tinha ‘pleno conhecimento’ que as investigações sobre supostos mandantes do crime estavam travadas por ‘óbice judicial’ e que, sem a conclusão das apurações, ‘não é possível concluir se Adélio agiu ou não sozinho’.
Ao contrário do que acusou Bolsonaro, Moro disse que ‘jamais obstruiu essa investigação’. O ex-ministro alega que pediu ‘máximo empenho’ da Polícia Federal na investigação e informou a Advocacia-Geral da União, então chefiada por André Mendonça, que ingressasse na ação judicial que bloqueia a quebra do sigilo do ex-advogado de Adélio. O caso está no STF.
Segundo Moro, as requisições foram feitas ‘não pelo interesse pessoal do presidente, mas também pelas questões relacionadas à Segurança Nacional’.