De acordo com o ministro, ataques ao Supremo passavam por esse endereços obrigatoriamente
O processo é relatado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Foi ele quem assinou os 29 mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal (PF), nesta quarta, contra o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, e empresários como Luciano Hang, dono das lojas Havan, acusados de integrar a rede de sustentação do grupo que dissemina as fake news.
Segundo a investigação, feita com base em informações apuradas por uma equipe de peritos judiciais e que levou em conta depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) das Fake News, no Congresso Nacional, são estes os 11 principais disseminadores de notícias contra o Supremo:
Foto: Reprodução / STF
Passariam obrigatoriamente por todos ou por alguns desses perfis as principais hashtags e textos com acusações ou ataques aos ministros do STF.
De acordo com Moraes, os 11 perfis foram encontrados após uma busca detalhada no Twitter de posts que, entre os dias 7 e 11 de novembro do ano passado, usaram tags que tiveram grande repercussão na rede social, entre as quais #impeachmentgilmarmendes, #STFVergonhaNacional, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, ou as expressões STF, Supremo, Toffoli e Gilmar.
Organização
O inquérito de Alexandre de Moraes explica como se organizariam as campanhas de difamação e agressões em massa que têm como alvo o Supremo ou outros eventuais adversários do presidente Jair Bolsonaro.
“Os perfis influenciadores iniciam os ataques selecionando um tema, por exemplo, o Impeachment de membros do STF. Nesta etapa inicial estes perfis não necessariamente utilizam uma hashtag para disseminar o ataque escolhido, valendo-se muitas vezes de seus seguidores (followers) para “criar” uma hashtag e impulsionar este ataque. Desta forma, os perfis influenciadores não apareceriam como criadores da hashtag que simboliza o ataque.
A análise do laudo entregue pelos peritos fez Alexandre de Moraes concluir que os perfis começaram a publicar conteúdo negativo e ataques ao STF, ou a seus membros, a partir de 07/11/2019. Inicialmente, sem utilizar hashtags, ou adotando a tag #STFVergonhaNacional”.
A ação não se restringiria ao Twitter, no entanto. Espalharia de lá para o Facebook e para outros meios, como WhatsApp.
O deputado federal Heitor Freire (PSL-CE) é citado nos autos por ter lembrado durante a investigação um dos vídeos mais famosos supostamente propagado pela equipe, no qual, na selva, Bolsonaro é cercado por diversos inimigos.
“Dentre esses ataques coordenados, o depoente salienta a postagem quase simultânea em diversas páginas do Facebook de um vídeo ofensivo ao Supremo Tribunal Federal, comparando-o a uma hiena que deveria ser fustigada por leões”, disse Moraes.
Criminosos
O ministro diz acreditar se tratar de uma organização que vai contra a lei com o fim de desqualificar a instância máxima do Judiciário brasileiro.
“As provas colhidas e os laudos periciais apresentados nestes autos apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como ‘Gabinete do Ódio’, dedicada a disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática.”
Ele também reproduz em sua decisão parte do depoimento à CPMI da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), que afirmou ter percebido que um dos alvos da organização era o STF: “Quando surgia alguma postagem ou hashtag ofensiva ao STF ou algum de seus membros, um dos integrantes do grupo retransmitia e em questão de minutos isso era disseminado pelas redes sociais e para inúmeros outros grupos, seja pela atuação de integrantes da organização, seja por utilização de robôs”.