Ex-ministro da Justiça admitiu nesta terça que houve falha no plano de segurança e afirmou que a ‘minuta do golpe’ é uma ‘aberração’
Torres era o responsável pelo esquema de segurança de Brasília e da Esplanada dos Ministérios no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes.
Torres afirmou que “houve falha grave na execução do Protocolo de Ações Integradas (PAI)”, o que acarretou as invasões. “Se o protocolo fosse seguido à risca, seríamos poupados dos lamentáveis atos do dia 8 de janeiro”, disse.
A “minuta do golpe”
Anderson Torres disse que a minuta do golpe encontrada na residência dele era um texto “fantasioso”, “imprestável para qualquer fim” e uma “verdadeira aberração jurídica”.
Ele também comentou que o texto da minuta só não havia sido descartado “por mero descuido” e disse não saber a quem pertencia a autoria do documento, bem como as circunstâncias em que havia sido produzido. O texto, segundo Torres, “vai para a coleção de absurdos que constantemente chegam aos detentores de cargos públicos”.
Confronto entre versões
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu a acareação entre Torres e o ex-diretor da Polícia Federal (PF) na Bahia Leandro Almada. O confronto entre as versões surge a partir da afirmação de Torres de que não houve nenhuma orientação à PF por parte dele nas operações durante o segundo turno das eleições de 2022.
A declaração do ex-ministro da Justiça diverge de um depoimento dado por Almada, que afirmou a investigadores ter havido um pedido de Torres para atuação conjunta entre a PF e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em blitze na Bahia.
A investigação apura a suspeita de bloqueios em cidades do Nordeste onde havia vantagem eleitoral do então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma estratégia para cercear o direito de voto desses eleitores.
Parlamentares também se envolveram em uma confusão durante o depoimento do ex-ministro da Justiça. Depois de um discurso inflamado do deputado Marco Feliciano (PL-SP), membros do colegiado questionaram um tapa que ele deu na bancada ao responder a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).