MEMÓRIAS DE SARANDI 35
Época: Década de 1960
Humberto Tesser Paris
AS CUNHADAS
Minha mãe Adelaide Tesser Paris e sua cunhada Maria Paris Papini passavam muitas tardes juntas a “ciacolare”. Minha mãe costurava e tinha o hábito de fazer um bico com os lábios onde às vezes prendia a linha para não perder, enquanto a tia Maria fazia crochê e tinha por hábito mexer numa mecha do cabelo. Passavam tardes costurando, caseando e crochezando a vida de um e de outro.
Naquela época, a tia morava na rua Julio Maílhos, esquina com avenida Expedicionário, no antigo prédio do Circulo Operário.
Certa vez a tia Maria viajou, provavelmente em visita ao filho Arno que morava em Toleto no Paraná, o único filho que não morava em Sarandi. Na volta a tia veio lá em casa contar as novidades da viagem pra mãe. Contou também que, ao retornar para casa, encontrou alguns vasos quebrados na área dos fundos e falou que os autores haviam deixado lá um “bodoque”. Percebendo que eu estava ouvindo a história, a ela me disse que eu podia ir lá e pegar o tal bodoque pra mim.
Convidei um amigo e fui até a casa dela, pelos fundos. Tinha que escalar para chegar até a área de serviço. Quando cheguei lá em cima, dei de cara com a prima Alice, que gritou: “Ah! então foram vocês!”. O susto foi tão grande que eu voei até o chão e saímos correndo sem olhar pra trás, batendo os calcanhares na bunda.
Eu nunca esclareci para a Alice, que a tia havia me autorizado. Acho também que ela nem se lembra desta história.
As fotos mostram 3 momentos da esquina da avenida Expedicionário e rua Julio Mailhos
1 – Casa a esquerda onde morava a família do avô Lorenzo Paris
2 – Antigo Círculo Operário
3 – Novo Círculo Operário