Estado contabiliza 32,9 mil descendentes de povos originários, conforme o último censo do IBGE
O Rio Grande do Sul é o 10ª Estado brasileiro com a maior presença de população indígena, conforme dados do último Censo do IBGE, de 2010. Cerca de 32,9 mil descendentes de povos originários podem ser afetados pela mudança prevista no marco temporal, em discussão no Congresso Nacional.
O município de Gentil, um dos locais onde ocorrem protestos contra o projeto, compreende a terra indígena Campo do Meio, que, conforme o Atlas Socioeconômico do RS, é umas das 36 atualmente em estudo para demarcação.
Especialistas gaúchos ouvidos pelo Correio do Povo entendem que há risco de alterações para as 140 terras indígenas que, conforme o Atlas, existem em território gaúcho. “O grande problema do Rio Grande do Sul é que muitas das áreas que estão sendo hoje reivindicadas e retomadas, no passado, não foram nem demarcadas”, explica o etnoarqueólogo da Ufrgs José Otávio Catafesto.
Segundo o coordenador da regional Sul do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Roberto Antonio Liebgott, movimentos de colonização fizeram os indígenas deixarem essas terras que, agora, são reivindicadas de volta.
A diferença de tamanho das terras demarcadas como indígenas e das áreas realmente ocupadas também pode ser reavaliada, caso seja aprovado o marco temporal, segundo os especialistas que falaram ao CP. Outro ponto destacado por Liebgott e Catafesto envolve as terras consideradas reservas, não incluídas no marco temporal. Porém, a do Cantagalo, em Viamão, é um exemplo que foge a essa lógica.