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Justiça do ES manda Samarco retirar barreira antilama

Para especialistas, a chegada no mar é menos prejudicial do que a permanência do material no Rio Doce

                  Foto: Fred Loureiro / Secom / ES / Divulgação / CP
A Justiça do Espírito Santo determinou que a Samarco abra a foz do Rio Doce no distrito de Regência, em Linhares, para que a lama da barragem da empresa que se rompeu em Mariana (MG) se dissipe no mar. A informação foi repassada
pela prefeitura de Linhares. A decisão foi tomada pelo juiz Thiago Albani, da 3.ª Vara Cível de Linhares.

A Samarco começou a cumprir a determinação, sob pena de multa de R$ 20 milhões, além de R$ 1 milhão por dia em caso de abandono das obras.

A decisão contraria determinação da Justiça Federal no Estado que, na quinta-feira, exigiu medidas da Samarco para que a lama não alcançasse o oceano, sob pena de multa diária de R$ 10 milhões. As boias de contenção instaladas na região tiveram de ser retiradas.

A decisão foi tomada pela Justiça depois de ouvir ambientalistas, técnicos de Linhares. Também houve posicionamento favorável da Procuradoria do Estado e do Ministério Público Estadual (MPE). Na visão dos especialistas, a chegada da lama no mar é menos prejudicial do que a permanência do material no Rio Doce.

“Não vamos permitir que coloquem os linharenses e a população dos demais municípios em risco. Bloquear a chegada da lama no mar é uma loucura, é desumano. É querer estacionar a morte na frente da nossa cidade. Vamos até as últimas consequências para evitar tamanha insanidade”, afirmou o secretário municipal de Meio Ambiente de Linhares, Rodrigo Paneto.

Inundações

Segundo o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema) do Espírito Santo, a retenção da lama no Rio Doce poderia comprometer berçários de espécies de água doce e salgada.

O represamento poderia ainda causar inundações nas regiões de Vila do Riacho, Barra do Riacho e na reserva indígena de Comboios. Existiria ainda a chance de decantação da lama nas lagoas de Mosarás, Degredo e Suruaca, com risco de extinção da fauna da região e comprometimento do estoque de água potável.

A área afetada faz parte da Reserva Biológica de Comboios, uma área de proteção costeira usada para desova de tartarugas-marinhas, incluindo a tartaruga-de-couro, uma espécie criticamente
ameaçada de extinção.

O coordenador nacional do Centro Tamar-ICMBio, Joca Thome, sobrevoou a mancha no domingo à tarde e voltou para terra visivelmente emocionado. “Nem sei o que falar. É terrível; uma calamidade”, disse, após sair do helicóptero. “Parece uma gelatina marrom se esparramando mar adentro.”

A onda de lama percorreu 650 quilômetros de rio desde o rompimento da barragem de Mariana (MG), no dia 5. O desastre deixou 8 mortos identificados e 11 pessoas desaparecidas – há ainda quatro mortos não identificados – e chegou à costa capixaba no pico da época de desova das tartarugas.
Correio do Povo