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Jornal divulga gravação em que Temer aprova compra de silêncio de Cunha

Segundo gravação, Temer indicou deputado para receber dinheiro da JBS

Temer teria avalizado mesada para Eduardo Cunha ficar em silêncio | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr / CP

Com informações do R7

Gravações obtidas pelo jornal O Globo divulgadas nesta quarta-feira podem comprometer o presidente Michel Temer. De acordo com o material, o presidente avalizou o pagamento de uma mesada ao ex-presidente da Câmara e hoje preso, Eduardo Cunha.

Em seu depoimento aos procuradores, Joesley afirmou que não foi Temer quem determinou a mesada, mas que o presidente tinha pleno conhecimento sobre os pagamentos.

No diálogo, captado por meio de um gravador escondido, Temer teria indicado a Joesley o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS) no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na conversa, o empresário ainda perguntou a Temer se poderia tratar “de tudo” com o parlamentar, ao que o presidente teria respondido sucintamente: “Tudo”.

Em nova gravação entregue aos procurados, feita em vídeo dias depois, o parlamentar foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil que teria sido enviada por Joesley. Tanto a conversa com Temer quanto a entrega do dinheiro teriam ocorrido em março.

Loures foi assessor especial da Presidência e assumiu, recentemente, o mandato na Câmara. Ele é suplente do ministro da Justiça, Osmar Serraglio. Quando o hoje presidente da República ainda era vice, era Loures quem cuidava de sua agenda.

Além da mesada a Cunha, Joesley disse à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 5 milhões para Cunha após o peemedebista ter sido preso, no ano passado, e que havia combinado dar mais R$ 20 milhões referentes à tramitação de uma lei que beneficiaria a JBS. Na delação, segundo O Globo, Joesley contou que já pagava a mesada a Cunha havia alguns meses.

Diferentemente de outras delações, no caso da JBS, a Lava Jato promoveu “ações controladas”, em que a operação policial é adiada para que seja possível obter flagrantes que possam ser usados como provas nas investigações. A reportagem de O Globo afirmou que, além de filmagens da entrega de propina, as malas ou mochilas em que o dinheiro era transportado foram equipadas com rastreadores e cédulas tiveram seus números informados aos investigadores.

Procurada, a assessoria de imprensa da JBS disse que não se manifestaria. Em São Paulo, movimentos sociais foram para a frente do Masp para pedir eleições diretas. Em Brasília, manifestantes protestaram na frente do Palácio do Planalto.

De acordo com o jornal, a gravação feita por Joesley é parte de declaração que os controladores da JBS deram à Procuradoria-Geral da República em abril.

Segundo o jornal, Temer teria sido gravado em conversa com Joesley indicando o deputado Rocha Loures (PMDB-PR) como o interlocutor para resolver um assunto da J&F, controladora da JBS.

No diálogo, o presidente recebe do empresário a informação de que ele estava pagando uma mesada Cunha e ao operador Lúcio Funaro, ambos presos,para ficarem calados. Temer então teria dito:

— Tem que manter isso, viu?

Uma gravação feita posteriormente teria flagrado Rocha Loures recebendo uma mala com R$ 500 mil de Joesley.

Ainda de acordo com o jornal, na última quarta-feira, os irmãos foram ao gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), e confirmaram as declarações à PGR. Cabe a Fachin homologar a delação de Joesley Batista e o seu irmão Wesley Batista.

Aécio Neves

Também segundo O Globo, o senador Aécio Neves aparece envolvido em corrupção ligada à JBS. Ele teria sido filmado pela PF (Polícia Federal) pedindo R$ 2 milhões para o dono a Joesley. O dinheiro teria sido entregue para primo de senador.

A PF rastreou o dinheiro e afirma que foi depositado em empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG). Na gravação, Aécio pedia por dinheiro para pagar as despesas da Lava Jato. Há gravações do senador pedindo dinheiro para Joesley e da entrega do dinheiro para o primo do senador. Aécio estava no plenário do Senado quando a informação veio à tona. O parlamentar deixou o local logo após olhar o celular.

Correio do Povo