Câmeras oficiais do governo federal captaram reclamações do ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
Heleno falava aos colegas ministros Paulo Guedes, da Economia; Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo e responsável pelas negociações; e Onyx Lorenzoni, da Cidadania, que o Planalto não podia ser aceitar ser “chantageado” o tempo todo. Terminou com um “Foda-se”. Ele falava sobre a divisão do Orçamento impositivo, que deixa R$ 30 bilhões dos R$ 80 bilhões nas mãos dos Congressistas pelas emendas impositivas, e colocou o Planalto e o Congresso em rota de colisão no início desse ano.
Pela redes sociais, o general comentou a situação, afirmando que este é mais “um lamentável episódio de invasão de privacidade, hábito louvado no Brasil, vazou para a imprensa uma conversa que tive com o Dr. Paulo Guedes e o Gen. Ramos”.
Ressalto que a opinião é de minha inteira responsabilidade e não é fruto de qualquer conversa anterior, seja com o Sr. Presidente da República, com o Min. Paulo Guedes, com o Min. Ramos, ou com qualquer outro ministro.Externei minha visão sobre as insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares por fatias do orçamento impositivo, o que reduz, substancialmente, o orçamento do Poder Executivo e de seus respectivos ministérios.
Isso, a meu ver, prejudica a atuação do Executivo e contraria os preceitos de um regime presidencialista. Se desejam o parlamentarismo, mudem a constituição. Sendo assim, não falarei mais sobre o assunto.
Nesta quarta, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) reagiu de forma enérgica à fala de Heleno. Disse que ele já vinha fazendo esse tipo de crítica, mas que agora vieram à público. Sugeriu que Heleno talvez estivesse melhor em um “gabinete de rede social, twittando e agredindo como muitos fazem”.
“É uma pena que um homem com tanta experiência e qualificação se transforme em um ideológico. Talvez ele estivesse melhor num gabinete de rede social twittando e agredindo como muitos fazem. Não é a primeira vez que ele ataque, mas agora veio a público. É uma frase infeliz do ministro. Geralmente na vida, quando a gente vai ficando mais velho, vai ganhando equilíbrio, experiência e paciência. O ministro pelo jeito está ficando mais velho e falando como um jovem estudante, no auge da sua juventude. Uma pena que ministro com tantos títulos tenha se transformado num radical ideológico contra a democracia, contra o parlamento”
O presidente da Câmara usou a votação do projeto de lei das Forças Armadas, que elevou as aposentadorias dos militares, para rebater as acusações que o Congresso faz chantagem com o Executivo. “Eu não vi por parte dele nenhum ataque quando a gente estava votando o aumento do salário dele, como militar, da reserva. Eu queria saber se ele acha se o parlamento foi chantageado por ele ou por alguém, ou chantageou alguém para votar o projeto da Lei das Forças Armadas”.
Apesar das críticas, Maia diz que espera manter um bom diáologo com o Palácio do Planalto. “Esse parlamento se quisesse apenas deixar as pautas correrem soltas o governo não ganhava nada aqui, mas tudo é votado com a responsabilidade pelo povo brasileiro. A gente espera manter o diálogo com o governo para votar as pautas que interessam ao Brasil”, concluiu.