O corpo do cineasta Hector Babenco, que morreu na noite de ontem (13), aos 70 anos, vítima de uma parada cardíaca, será velado amanhã (15), das 10h às 15h, no prédio da Cinemateca Brasileira, na Vila Clementino, zona sul da cidade. Segundo a produtora do cineasta HB Filmes, a cerimônia será aberta ao público e depois o corpo seguirá para o Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, ao sul da Grande São Paulo.
Babenco estava internado no Hospital Sírio Libanês desde a última terça-feira (12) e morreu por volta das 22h50 de ontem (13). Nascido em Buenos Aires, na Argentina, em 1946, ele naturalizou-se brasileiro em 1977. O cineasta era descendente de imigrantes ucranianos, o pai era argentino e a mãe polonesa.
Entre os seus primeiros trabalhos está o filme inspirado em um bandido – Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia – que foi protagonizado pelo ator Reginaldo Farias, atraindo mais de cinco milhões de pessoas aos cinemas em 1977. Essa produção levou o Prêmio do Público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, além de outros prêmios.
Entre os filmes mais famosos de Babenco estão Pixote, a Lei do Mais Fraco e O Beijo da Mulher-Aranha. Com Pixote, o cineasta venceu vários prêmios como o Leopardo de Prata, no Festival de Locarno. Nesse longa, ele retratou a história do menino de rua Fernando Ramos da Silva, que tinha 10 anos na época, interpretado pelo próprio garoto, com atuação também da atriz Marília Pêra.
Considerado um clássico contemporâneo, esse filme foi indicado ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, em 1982, além de levar o Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro NYFCC 1981 (New York Film Critics Circle Awards, EUA) e receber o Prêmio OCIC no Festival de San Sebastian, na Espanha, em 1981 e do Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro de 1981 pela Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles.
Com O Beijo da Mulher-Aranha, uma adaptação do romance homônimo de Manuel Puig, estrelado por Sônia Braga, William Hurt, Raúl Julia, José Lewgoy e Milton Gonçalves, Babenco obteve sucesso internacional. Com esse longa, pela primeira vez, um filme não anglo-saxão recebeu quatro indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator para William Hurt, que levou a estatueta. William Hurt também recebeu a Palma de Ouro de Melhor Ator no Festival de Cannes 1986.
O cineasta também dirigiu duas produções hollywoodianas: Ironweed, de 1987, e Brincando nos Campos do Senhor, de 1990. O primeiro é protagonizado por Jack Nicholson, que vive o atormentado Francis Phelan, e Meryl Streep, uma cantora decadente e depressiva. Por sua atuação, Nicholson foi indicado ao Oscar de Melhor Ator e também ao Globo de Ouro. Meryl Streep também foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel.
Em Brincando nos Campos do Senhor, de 1990, foi retratada a saga de um casal de evangélicos, vividos por Aidan Quinn e Katty Bates. Em plena selva amazônica, eles tinham a missão de catequizar os índios. O longa, que conta ainda com Daryl Hannah e Tom Berenger, é baseado em um romance homônimo de Peter Matthiessen e foi escrito por Babenco e Jean-Claude Carrière.
Depois de curar-se de um câncer linfático, em 1990, o cineasta lançou em 1998 o longa Coração Iluminado, estrelado por Maria Luisa Mendonça, Miguel Ángel Solá e Xuxa Lopes, e que fez referências à sua juventude, na Argentina. A obra foi indicada à Palma de Ouro do Festival de Cannes 1998.
Em 2003, outro trabalho com êxito: O Carandiru, baseado no livro Estação Carandiru de Dráuzio Varella, sobre a dura rotina dos presos na extinta Casa de Detenção que ficou, mundialmente conhecida após a morte de 111 presos, em 2 de outubro de 1992, no episódio que recebeu o nome de Massacre do Carandiru. Essa produção foi vista por mais de 4 milhões de espectadores nos cinemas do Brasil e teve a indicação à Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2003.