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Harvey Weinstein é expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas

Instituição disse que assédio é “um problema profundamente preocupante que não tem lugar em nossa sociedade”

Instituição tomou decisão em reunião extraordinária neste sábado | Foto: Robyn Beck / Arquivo AFP / CP

O produtor Harvey Weinstein, investigado por assédio e estupro contra mulheres da indústria cinematográfica e audiovisual, foi expulso neste sábado da Academia de Artes e Ciências Cinematográficasdos Estados Unidos pelo escândalo de assédio e abuso sexual no qual está envolvido, informou o organismo em comunicado. A junta diretora da instituição tomou a decisão depois de obter mais de dois terços dos votos necessários para expulsão imediata num encontro extraordinário realizado em Los Angeles com seus 54 membros.

O reconhecido produtor é o segundo membro da Academia a ser expulso. O ator de “O Poderoso Chefão II” Carmine Caridi foi o primeiro, acusado de empresar fitas VHD dos filmes que concorreriam ao Oscar para um vizinho comerciante de filmes pirateados. A decisão, contudo, não tirou de Weinstein o Oscar que ele ganhou em 1999 como produtor de “Shakespeare apaixonado”.

“O Conselho de Governadores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reuniu-se hoje para discutir as alegações contra Harvey Weinstein e votou em excesso da necessária maioria de dois terços para expulsá-lo imediatamente da Academia. Não só nos distanciamos de alguém que não merece o respeito de seus colegas como enviamos uma mensagem para que termine a era de ignorância deliberada e vergonhosa cumplicidade no comportamento sexualmente predatório e no assédio no local de trabalho em nossa indústria acabou”, disse o órgão reponsável por organizar o Oscar em comunicado.

“O que está em causa aqui é um problema profundamente preocupante que não tem lugar em nossa sociedade. A Diretoria continua trabalhando para estabelecer padrões éticos de conduta que todos os membros da Academia esperam exemplificar”, lê-se ao gim da nota. Na quarta, a Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas (BAFTA) suspendeu a associação de Weinstein em sua organização por considerar que “tal comportamento não tem, em absoluto, lugar em nossa indústria”. Segundo a The Weinstein Company, empresa da qual Weinstein foi demitido logo após as primeiras acusações serem divulgadas, as produtoras vinculadas à companhia já receberem 303 indicações ao Oscar, vencendo 75 estatuetas, em três décadas de existência.

Desde que o escândalo veio à tona, cerca de trinta atrizes, entre elas Mira Sorvino, Rosana Arquette, Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Léa Seydoux, disseram que foram vítimas das insinuações sexuais do produtor. As intérpretes Asia Argento, Lucia Evans, Rose McGowan e outra mulher que permanece sob anonimato o acusam de estupro. A polícia de Nova York e do Reino Unido abriram uma investigação contra ele. “Preciso de ajuda, todos cometemos erros, espero ter uma segunda chance”, disse Weinstein na quarta-feira a paparazzis em frente à casa de uma de suas filhas.

O público americano não pareca estar disposto a dar este voto de confiança. Uma pesquisa curso de Jeetendr Sehdev, um especialista em imagem de celebridades, revelou que 82% dos 2.000 entrevistados pediram a expulsão do produtor da Academia e 70% disseram que ficariam “chocados” se não o tirassem. A blogueira Sasha Stone, editora da Awards Daily, explicou que uma decisão deste tipo levanta dúvidas sobre outros membros. “Bill Cosby, Mel Gibson ainda são membros”. Cosby será novamente julgado por abuso e Gibson foi denunciado por bater na ex-mulher.  Quantos casos sobre abuso sexual ou algo pior virão à tona nos próximos meses? Todos serão expulsos da Academia? É difícil saber”, afirmou.

Correio do Povo