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Haddad endossa Lula dizendo que juros no Brasil são “fora de propósito”

Haddad endossa Lula dizendo que juros no Brasil são “fora de propósito”

Ministro da Economia questionou política monetária do Banco Central

Foto: Marcelo Camargo/ABr

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, endossou nesta segunda-feira as críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à política monetária do Banco Central e disse que os juros no Brasil são totalmente “fora de propósito”.

Na primeira reunião após a eleição de Lula, o Diretório Nacional do PT vai ampliar a ofensiva contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para pressionar a instituição financeira a reduzir a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% ao ano.

Em uma exposição de aproximadamente 40 minutos, o ministro da Fazenda afirmou que em nenhum país do mundo esse patamar é tão alto. Na próxima quinta-feira, Haddad participa da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), ao lado de Campos Neto e da ministra do Planejamento, Simone Tebet.

O Palácio do Planalto e a cúpula do PT querem que o CMN trate, nesse encontro, da mudança da meta de inflação, hoje em 3,25%. Lula já propôs que a meta fique em 4,5% para poder ampliar os gastos públicos do governo. Diante da plateia formada por dirigentes e parlamentares do PT, Haddad pediu apoio às propostas que serão apresentadas em breve pelo governo, na tentativa de estabilizar a economia.

Na mesma linha, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, disse que a política do Banco Central precisa ter outra direção. “As políticas econômica e monetária precisam ter preocupação com o equilíbrio fiscal, mas também têm de envolver outras metas, como as de crescimento, geração de emprego e combate à fome”, argumentou Pimenta.

Pacote

Além de lamentar a alta taxa de juros no Brasil, que impede o crescimento, Haddad também afirmou que o governo vai lançar um pacote ainda neste mês, logo após o Carnaval, para corrigir a tabela do Imposto de Renda (IR) e contemplar com isenção quem ganha até dois salários mínimos (hoje, R$ 2,6 mil).

O pacote também vai englobar o aumento do próprio mínimo, que hoje está em R$ 1.302. O ministro não mencionou o novo valor do mínimo, mas a expectativa é a de que fique em R$ 1.320.

As medidas que serão divulgadas após o carnaval incluirão, ainda, o programa Desenrola, que prevê a renegociação de dívidas, com juros menores, de quem ganha justamente até dois salários mínimos. Pelos cálculos da Fazenda, há cerca de 70 milhões de endividados no País.

Correio do Povo, com AE