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GUILHERME – Humberto Tesser Paris

Época: Décadas de 1960 e 1970
Humberto Tesser Paris

GUILHERME


Houvi dizer que o Guilherme era de origem indígena e foi trazido pelos padres a Sarandi, para ajudar nos afazeres da igreja.
Uma de suas tarefas era tocar o sino nos horários determinados.
Algumas vezes eu e meus amigos fomos tentar tocar, mas não era fácil para uma criança, uma vez que os sinos pesavam mais de uma centena de quilos.
O Guilherme, percebendo nossa dificuldade, tomava a frente para iniciar a badalação.
Apesar de sua baixa estatura, com rara habilidade, ele usava as duas mãos para por por em movimento 2 sinos ao mesmo tempo.
Lembrando Quasímodo, balançava-se com as cordas que o elevavam do chão a cada badalada.
Havia uma casa de madeira na avenida Expedicionário, onde depois foi construído o Banco do Brasil. Não sei a quem pertencia a casa, mas foi cedida como moradia para o Guilherme.
Houve uma época que ele entregava jornais.
Não lembro o ano, mas foi na década de 70, quando eu já estava estudando em Porto Alegre. Numa das minhas idas a Sarandi, falei com o Guilherme pela última vez. Foi ao lado da bodega do Matei e ele estava chorando. Perguntei o que aconteceu. Com sua voz grave e com dificuldade de se expressar, devido sua origem indígena, falou que a piazada inticava (implicava) muito e ele não aguentava mais.
Esta foi a imagem que ficou na minha lembrança.