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Google começa a cortar laços com a Huawei

Trump proibiu que grupos americanos façam negócios com empresas estrangeiras do setor de telecomunicações consideradas perigosas

Foto: ALAIN JOCARD, CHRISTOF STACHE / AFP

Implicações da medida podem ser importantes, pois, como todos os grupos de tecnologia, o Google deve colaborar com os fabricantes de smartphones para que seus sistemas sejam compatíveis com os telefones

O grupo americano Google, cujo sistema operacional Android está instalado na grande maioria dos smartphones do mundo, anunciou no domingo que começou a suspender suas relações com o grupo chinês Huawei, uma das empresas consideradas “de risco” por Washington. Em meio a tensões comerciais com Pequim, o presidente Donald Trump proibiu que os grupos americanos façam negócios com empresas estrangeiras do setor de telecomunicações consideradas perigosas para a segurança nacional, uma medida que tinha como alvo principal a Huawei, gigante chinesa e que se tornou inimiga de Washington. O grupo aparece na lista de empresas suspeitas com as quais não se pode negociar sem a autorização das autoridades.

“Estamos cumprindo a ordem e revisando as implicações”, afirmou um porta-voz do Google em um e-mail à AFP. As implicações podem ser importantes, pois, como todos os grupos de tecnologia, o Google deve colaborar com os fabricantes de smartphones para que seus sistemas sejam compatíveis com os telefones.

A empresa terá que interromper as atividades que representam transferência de tecnologias que não são públicas (“open source”), o que obrigaria o fabricante chinês a usar apenas a versão “open source” do Android, explicou à AFP uma fonte próxima ao caso. Desta maneira, a Huawei não poderá acessar mais os aplicativos e serviços que pertencem ao Google, como o Gmail, por exemplo.

Consultada pela AFP, a Huawei não respondeu até o momento. A empresa chinesa criticou durante a semana o que chamou de “restrições irracionais” que interferem em seus direitos. A empresa está há algum tempo na mira das autoridades americanas, sob suspeita de espionagem a favor de Pequim, o que teria contribuído em grande parte para sua espetacular expansão internacional.

No primeiro trimestre, a Huawei vendeu 59,1 milhões de smartphones, o que representa 19% do mercado, mais do que a americana Apple, mas ainda continua atrás da líder do setor, a sul-coreana Samsung. A Huawei é uma das empresas líderes do 5G, a nova geração da internet móvel que está em processo de desenvolvimento. As duas maiores economias mundias travam uma guerra comercial, com a imposição mútua de tarifas, e a tecnologia é um eixo fundamental do confronto.