Candidato de esquerda derrotou José Antonio Kast
Gabriel Boric foi eleito neste domingo o novo presidente do Chile. O deputado de esquerda que representa o Partido Convergência Social já recebeu o telefonema de seu adversário, o advogado ultraconservador José Antonio Kast, o cumprimentando pela vitória nas urnas. A votação em segundo turno foi realizada a partir das 8h deste domingo.
“Acabo de falar com Gabriel Boric e lhe felicitei por seu grande triunfo. Desde hoje ele é o presidente eleito do Chile merece todo o nosso respeito e colaboração construtiva. O Chile está sempre em primeiro”, escreveu Kast nas redes sociais.
O resultado do segundo turno também pode ser decisivo para a simples adoção da futura Constituição chilena, que está em elaboração e deve ser finalizada entre abril e julho de 2022. A tendência é que um eventual governo Boric abrace com mais facilidade as novas leis, elaboradas por um grupo composto mais por independentes que por políticos mais tradicionais.
Durante o dia, os holofotes se voltaram para o próprio território chileno, onde não faltaram críticas aos problemas no transporte público e engarrafamentos, que atrapalharam a vida dos eleitores. Nas comunas de Puente Alto, Maipú, La Florida e San Miguel, todas na região metropolitana de Santiago, foi possível encontrar pessoas que esperavam por até duas horas para conseguir condução e se deslocar ao local de votação.
“É o cúmulo que nós, idosos, tenhamos que esperar tanto tempo no sol, com esse calor”, disse à Agência Efe, a aposentada Mariana Vargas, que vive no bairro de La Reina, na cidade de Santiago.
Integrantes das campanhas dos dois candidatos também se queixaram da situação e incentivaram que eleitores dessem carona para vizinhos, com o objetivo de garantir mais um voto no pleito, que tem sido marcado pelo equilíbrio nas pesquisas.
Por volta do meio-dia, prefeituras disponibilizaram veículos oficiais para transportar moradores para os locais de votação. Boric chegou a afirmar que o governo do presidente, Sebastián Piñera, buscava “boicotar” as eleições. A ministra dos Transportes, Gloria Hutt, reconheceu o problema ao longo do dia e garantiu estar fazendo “todos os esforços” para que se resolva o mais rapidamente possível.
“Há episódios de congestionamentos em vias importantes, e isso afeta a fluidez dos trajetos do transporte público, quando não há via exclusiva. Com isso, os temos de espera aumentaram”, admitiu a titular da pasta, em entrevista coletiva.
O porta-voz do governo, Jaime Bellolio, por sua vez, negou as acusações de que há uma estratégia em prática para que as pessoas não votassem neste segundo turno. “Temos cerca de 75% mais ônibus circulando do que em um domingo normal”, disse o representante do Executivo.
Correio do Povo