PGR se tornou alvo de procuradores e de parlamentares da oposição, que criticam sua “inércia” frente ao que chamam de excessos do chefe do Executivo
A declaração foi dada no momento em que Aras pode denunciar o presidente no âmbito de inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e investiga se Bolsonaro interferiu na Polícia Federal para proteger sua família e amigos. No mandato de Bolsonaro, ele terá apenas duas vagas para preencher no STF com as aposentarias dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.
Desde que assumiu o comando do Ministério Público Federal (MPF) em setembro de 2019, Aras vem tomando uma série de medidas que atendem aos interesses de Bolsonaro. A mais recente foi mudar de opinião e pedir a suspensão do inquérito das fake news, após uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, fechar o cerco contra o “gabinete do ódio” e atingir empresários e youtubers bolsonaristas. Assim, Aras se tornou alvo de procuradores e de parlamentares da oposição, que criticam sua “inércia” frente ao que chamam de excessos do chefe do Executivo.
Até quando se movimentou pela abertura de investigações, Aras teve a atuação contestada pelos pares. Ao pedir ao STF a abertura de investigação das acusações de Sérgio Moro de interferência política na Polícia Federal, o procurador mirou não só o presidente, mas também o ex-ministro. Após Bolsonaro participar de ato antidemocrático convocado contra o STF em abril, Aras pediu a apuração dos protestos, mas livrou o presidente e focou o inquérito na organização e no financiamento dos atos. “As ações do procurador, até agora, indicam uma certa proteção ao presidente”, diz o advogado criminalista Davi Tangerino, professor da FGV-SP.
Na coordenação do grupo de trabalho que atua na Operação Lava Jato, escolheu a subprocuradora Lindora Maria Araújo, também conservadora. Nos bastidores do MPF, ela é acusada de fazer “devassa” contra governadores adversários do presidente, como o do Rio, Wilson Witzel (PSC). Procurado, Aras não se manifestou.
AE/Correio do Povo