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Europa treme à medida que Trump se aproxima da Casa Branca

Posicionamentos radicais e populistas do magnata são criticados

                                   Foto: John Moore / AFP / CP
Superada a perplexidade provocada pela pré-candidatura de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a Europa vê agora com preocupação o avanço do magnata, que soa como um alerta diante da ascensão do populismo no continente. Em visita a Washington, o ministro alemão das Relações Exteriores, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, entrou no debate com um discurso que envolve claramente o favorito nas primárias republicanas.
“Na Alemanha e na Europa se desenvolve algo na nossa vida política e, para ser honesto, constato aqui também, nos Estados Unidos, durante a campanha das primárias: a política do medo”, disse Steinmeier em um discurso para estudantes.

Donald Trump na Casa Branca seria uma “catástrofe planetária”, escreveu o editorialista do Financial Times, Martin Wolf, depois da vitória do magnata nas votações da “Super Terça”. Trump é um “xenófobo e um ignorante”, acrescentou Wolf, que estabeleceu um paralelo entre a trajetória do milionário, a queda do império romano e, inclusive, a ascensão de Hitler.
A imprensa francesa demonstrou a mesma inquietação, estabelecendo um vínculo entre a irresistível ascensão de Trump e os recentes êxitos eleitorais da extrema direita na França e Europa. “Trump não é apenas uma curiosidade ianque. Critica as elites instaladas, acusa os imigrantes de tudo e promete a Lua aos brancos afetados pela crise. Uma música populista conhecida deste lado do Atlântico. Mais preocupante do que engraçado”, diz o jornal Le Parisien.
O jornal conservador Le Figaro anunciou que, à sua maneira, Trump é um “emissor de alerta”. “Convém lembrar às elites políticas europeias que é perigoso esquecer o idioma daqueles aos quais pedem o voto”, disse Le Figaro.
O bilionário recebeu, ao contrário, o apoio de outra personalidade da extrema direita francesa, o ex-presidente da Frente Nacional Jean-Marie Le Pen. “Se fosse americano, votaria em Donald TRUMP”, escreveu Le Pen em sua conta no Twitter.
Para o jornal alemão Die Welt, Trump é a versão americana da ascensão da extrema direita na Europa, o representante de um “desejo de revanche contra as elites arrogantes”. “Trump, Le Pen, Petry e todos os outros se parecem em seu narcisismo, que se alimenta do tumulto e da doença da demagogia”, destacou o jornal. Frauke Petry é a principal dirigente do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que vivencia uma fulgurante alta nas pesquisas eleitorais graças à crise dos imigrantes.
“Quando a classe média começa a votar em Trump, temos um problema”, resumiu o economista sueco Sandro Scocco, do círculo de reflexão de esquerda Arena. Para Scocco, o auge da extrema direita se deve ao aumento das desigualdades sociais.
No fim de 2005, as declarações de Trump dizendo que seria preciso impedir “temporariamente” o acesso dos muçulmanos aos Estados Unidos receberam uma onda de críticas. Estas declarações geram “divisão” e são “estúpidas e falsas”. Se Trump “viesse ao nosso país, estaríamos todos unidos contra ele”, respondeu Cameron.
Correio do Povo