Rogério Machado Blog – Noticias, informações, politica e saúde

Escravo de Saladeiro

Escravo de Saladeiro
No Brasil do Império, existiram muitos tipos de escravos, para as mais diversas funções, desde criados que ficavam em casa até escravos que faziam funções nas lavouras.
Mas existiu um tipo de escravo que trabalhava constantemente nas charqueadas do Rio Grande do Sul.
Eles se chamavam escravo de saladeiro, sendo responsável pela salga da carne.
A Charqueada era a denominação da área da propriedade rural em que se produzia o charque, um dos principais produtos gaúchos da época, sendo normalmente composto por galpões cobertos onde a carne salgada era exposta para o processo de desidratação.
A indústria saladeiril e o ciclo do charque do século XIX, deixaram suas marcas no extremo sul do Brasil.
Toda a produção de charque, como de resto as produções mineradora e agrária da época , no Brasil era baseada no trabalho dos escravos.
Hoje, poucas das antigas charqueadas existem, apenas as instalações, mantidas como marco turístico regional.
Em 1820, eram mais de 20 charqueadas, sendo a cidade de Pelotas o pólo do estado na produção do charque, chegando num total de 400 mil cabeças de gado por ano.
O escravo de saladeiro era chamado desta maneira por que os negros eram caracterizado pelas mãos cortadas pelo sal e por suas costas cortadas pelo relho do carrasco.
Muitos tiveram os olhos cegados pelos raios do sol que refletiam no sal. Era comum também o sofrimento desses escravos, devido seus garrões sangrarem por causa do sal, exposto ao sol.
Alguns escravos eram sepultados entre o esterco e o sangue dos animais.
Era um trabalho árduo que começava na madrugada e chegava até a noite.
O fim deste martírio e das charqueadas acabaram devido a abolição da escravatura, pois houve o desaparecimento dos compradores que com o charque alimentavam seus escravos nas mineração do ouro de Minas Gerais e plantações de cana-de-açúcar na América Central e América do Sul.
Outo motivo, foi o surgimento dos frigoríficos, na década de 1910.
Em 1918, já restavam apenas cinco charqueadas em Pelotas.
A charqueada foi trocada pela produção de arroz, hoje uma das maiores produções do estado.
O escravo de saladeiro ficou com as cicatrizes de um tempo em que o boi morria mas seu sangue vertia junto com a escravidão.