Entre todos que sou, os tolos e gênios, entre as luzes e sombras nos passos que dou, há entrelinhas.
São nelas que existo.
Nos pólos não sou, só passo e vou.
Vou e voltamos.
Eu e todos que carrego em mim.
São tantos.
O anônimo, peça do cenário frenético.
O menino na lembrança de alguém, uma imagem diluída por memórias confusas, o benfeitor, o solidário, o egoísta, o mentiroso, o virtuoso, o idoso que ainda não é, mas sou.
Sou intenção.
Sou o que existe entre um instante e outro, entre a vida e a morte, nuances que os olhos apressados não captam, são míopes, preferem os extremos, jamais me verão.
Os extremos onde me colocam, não fico, não sou
Sou o que ainda não disse, a extensão do silêncio, as reticências entre linhas…
Há entrelinhas e são nelas que existo. Entrelinhas que sou.