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Em reunião com prefeitos, Melo defende que ISS fique fora da reforma tributária

Em reunião com prefeitos, Melo defende que ISS fique fora da reforma tributária

Imposto municipal representa, em Porto Alegre, R$ 1,5 bilhão por ano em arrecadação; em Canoas, prefeito Jairo Jorge também teme perda

Foto: Mateus Raugust / PMPA

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, reiterou, em meio à mobilização da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta terça-feira, que as cidades podem perder arrecadação caso a reforma tributária seja aprovada sem alterações.

O encontro reuniu gestores de São Paulo, Rio Janeiro, Belo Horizonte e outras cidades brasileiras de grande porte, como Canoas, representada pelo prefeito Jairo Jorge.

Melo frisou que os prefeitos não se opõem a que essa reforma ocorra agora, desde que o Imposto Sobre Serviços (ISS) seja retirado do texto, para uma discussão à parte e com mais prazo. Os dirigentes municipais temem que a gestão compartilhada do chamado Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS) – unificando o ISS e o ICMS, que é estadual – resulte em prejuízo para as cidades, hoje autônomas para administrar o montante. Na capital gaúcha, o ISS representa anualmente cerca de R$ 1,5 bilhão.

A PEC da reforma prevê que o bolo arrecadado com o IBS seja gerido por um Conselho Federativo. Nesta terça, o relator da proposta, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) admitiu que esse é um dos pontos que precisa ficar mais claro, e prometeu alterar a redação do texto. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) espera que a reforma seja votada em plenário até sexta-feira.

Apelo à bancada federal     

Durante a terça, Sebastião Melo cumpriu agendas em Brasília para demonstrar a necessidade de adiamento da votação. Ele também teve um encontro com a bancada federal gaúcha, e apelou para que a reformulação do sistema tributário não seja votada. “Os municípios não podem pagar a conta sozinhos sem ampla discussão sobre o tema”, declarou.

Melo teme perder recursos para serviços essenciais como saúde, educação, assistência social e infraestrutura. “O povo não entende de reforma tributária, mas sabe o que é falta de remédio na prateleira, de atendimento médico, vagas em creches, acolhimento social e mais qualidade no transporte público”, ressalta.

Jairo Jorge teme, em 10 anos, perda de até 30% em arrecadação

Também em Brasília, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, frisou, durante a mobilização da FNP, que além de retirar das prefeituras a autonomia de gerir o ISS, a PEC em debate na Câmara desloca a cobrança do futuro IBS da origem para o destino.

Em Canoas, a produção da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) reverte um montante expressivo de ISS à cidade. Com a cobrança do IBS no destino, o prefeito teme, em 10 anos, perder de 20% a 30% sobre o total arrecadado hoje.

Outros gestores

Na visão do presidente da FNP, Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju (SE), a aprovação vai levar a uma concentração de recursos na esfera federal jamais vista. “Não é justo uma proposta ter ganhadores absolutos e perdedores absolutos, que são os municípios”, critica.

Para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, o governo federal vai precisar assumir mais responsabilidades com serviços, gradualmente repassadas às cidades, caso o texto fique como está.

Já o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, lembrou que existem setores interessados na reforma porque vão ganhar muito com isso, o que não é o caso dos municípios. “Nós vamos pagar a conta para a indústria, os bancos e o governo federal”, finaliza.

FONTE Rádio Guaíba