MP anunciou ter aberto expediente para apurar responsabilidades sobre “condutas ilícitas de cunho racista”; Polícia começa a ouvir testemunhas nesta quinta
O chefe do Executivo telefonou para o artista, por volta das 16h desta terça-feira. De acordo com a assessoria de Ranolfo, o artista agradeceu a ligação e a sensibilidade do governador, e disse que vai continuar nutrindo a consideração, o respeito e o amor pelo Rio Grande do Sul.
“Esse triste episódio que ocorreu em Porto Alegre não nos representa. A Polícia Civil, através da Delegacia de Combate à Intolerância, investiga o caso. Já solicitou imagens das câmeras de segurança e irá ouvir testemunhas”, escreveu o governador em redes sociais, no fim da tarde.
“Expresso o meu repúdio a todo e qualquer ato de ofensa que o cantor e a comunidade negra sofreram. Como governador do Rio Grande do Sul, peço desculpas. É dever de todos combater o racismo estrutural”, complementou.
Ministério Público instaura investigação
Também na tarde desta terça, o Ministério Público Estadual informou que, através da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Porto Alegre, instaurou um procedimento investigatório para apurar as responsabilidades, na esfera cível, das “condutas ilícitas de cunho racista” ocorridas durante o show de Seu Jorge no GNU.
No âmbito desse expediente, o MP vai solicitar, à direção do clube, informações, mídias e demais instrumentos de prova.
Na seara criminal, a instituição vai acompanhar as investigações da Polícia Civil. De acordo com o MP, a finalidade é analisar integralmente os elementos de prova e as condutas dos envolvidos, além de um possível compartilhamento de provas com a corporação.
A delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre, responsável pela investigação do caso, relatou à reportagem que ainda aguarda as imagens das câmeras de segurança do Clube. Segundo ela, o presidente do Grêmio Náutico União (GNU), Paulo José Kolberg, vai depor nesta quinta-feira.
Crime
No dia 14 de outubro, Seu Jorge realizou uma apresentação no Clube Grêmio Náutico União. Os ataques começaram após uma manifestação do cantor contra a redução da maioridade penal, defendida pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). No discurso, Seu Jorge fazia referência à defesa de jovens negros de comunidades pobres ao justificar o posicionamento.
Na segunda-feira, após a divulgação de imagens do show, em que alguém na plateia chama o cantor de ‘macaco’ e parte do público começa a imitar o animal, a Polícia abriu um inquérito para identificar os autores do crime. Na mesma data, a corporação estabeleceu o prazo de até três dias para que o GNU entregue as imagens de câmeras no local.
Através de uma nota, a diretoria do Clube repudiou o ocorrido. “Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados”, cita o comunicado.
Em paralelo, coletivos já fazem a divulgação de um ato intitulado ‘Manifestação Antirracista no Grêmio Náutico União’, marcado para ocorrer às 16h de sábado, com saída da Praça da Encol.