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Eliseu Padilha admite que morte de Zavascki atrasa Lava Jato

Ministro chefe da Casa Civil garantiu que Temer irá indicar um novo ministro com a maior brevidade

Eliseu Padilha admite que morte de Zavascki atrasa Lava Jato | Foto: Daiana Camillo / Especial / CP

O ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu, na manhã desta sexta-feira em Porto Alegre, que a morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai atrasar o andamento da Operação Lava Jato. Zavascki era o relator dos processos da Lava Jato no STF e tinha antecipado o retorno das férias para começar a analisar na próxima semana a homologação das delações de executivos da empresa Odebrecht. “A morte do ministro Zavascki, por certo, vai fazer com que a gente tenha, em relação à Lava Jato, um pouco mais de tempo agora para que as chamadas delações sejam homologadas ou não. Perde tempo sim.” Na sequência, Padilha emendou: “Mas o presidente Michel (Temer) vai indicar com a maior brevidade possível um novo ministro. Independe do novo ministro o andamento do processo. A ministra Carmen Lúcia vai colocar certamente o regimento acima de qualquer outra questão para que a gente tenha com a maior brevidade possível a retomada.”

Questionado sobre se o governo vê com alívio o aumento do prazo para a homologação das delações dos executivos da Odebrecht ocasionado pela morte de Zavaski, Padilha deu uma resposta protocolar. “Não. A Operação Lava Jato, o Judiciário, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal precisam fazer ela andar com a maior brevidade possível. E o Executivo tem é que governar. Temos é que aproveitar para fazer as grandes reformas que o Brasil precisa.” As informações divulgadas até o momento apontam que o presidente Michel Temer, Padilha, o secretário de Parcerias e Investimentos do governo, Moreira Franco, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá, são citados nas delações da empresa.

Indagado sobre se não gera constrangimento ao presidente da República indicar um ministro do STF que provavelmente vai investigá-lo, Padilha, de novo, adotou um tom institucional. “A observância da Constituição da República não constrange absolutamente ninguém. O presidente vai seguramente corresponder ao texto constitucional.” Ante a insistência dos jornalistas sobre se Temer deseja que o substituto de Zavascki assuma a relatoria da Lava Jato, Padilha afirmou que a questão cabe ao Judiciário, chamando mais uma vez a atenção para “o regimento interno do STF.” “Opinar sobre essa questão só pode atrapalhar quem opina”, arrematou.

Sobre as teorias que desde a quinta-feira se espalham pelas redes sociais, e que tratam da possibilidade de ter havido um atentado contra a vida de Zavascki e não um acidente, Padilha inicialmente fez uma ironia. “O que se vê é que a imaginação humana é ilimitada.” Mas, ao ser lembrado das declarações do filho do ex-ministro, Francisco Prehn Zavascki, nesta sexta, Padilha disse que a investigação deve ser feita “com a maior profundidade”, ressalvando que o tema “não está afeto ao Executivo.” “Tanto o MP federal como a PF vão investigar. Então vamos aguardar as investigações.” Em entrevistas, Francisco disse torcer para que tenha sido um acidente. “Acho que seria muito ruim para o país saber que meu pai foi assassinado”, considerou.

Correio do Povo