Oposicionista coloca fim à Era Kirchner no comando do país vizinho
Foto: Emiliano Lasalvia / AFP / CP
Os simpatizantes de Mauricio Macri, candidato da oposição à presidência da Argentina, já começaram a comemorar vitória logo após o fechamento das urnas, as 18h deste domingo. Às 22h49min, com 70% das urnas apuradas, o candidato oposicionista tinha 53,19% dos votos, contra 46,81% de Daniel Scioli, que reconheceu a derrota em entrevista coletiva.
“A Argentina já não será igual a partir desta noite”, disse Ernesto Sanz, presidente da União Cívica Radical (UCR) e aliado do partido conservador Proposta Republicana (PRO) de Macri, na aliança Cambiemos (Mudemos). “A democracia argentina recuperou o equilíbrio e, mais tarde, veremos se recuperou a alternância”.
Macri carrega o peso de ser rico em um país marcado pelas reivindicações sociais. Depois de ser presidente do Boca Juniors e prefeito de Buenos Aires, deseja presidir a Argentina com ideias liberais para corrigir, na essência, 12 anos de kirchnerismo.
Aos 56 anos, ele está no final do segundo mandato como prefeito da capital e líder do partido conservador Proposta Republicana (PRO). Macri aspira suceder Cristina Kirchner em nome da aliança ‘Cambiemos’, com o apoio da direita e dos radicais (social-democratas).
A eleição marca o fim de 12 anos da era kirchnerista, marcadas por crescimento econômico, distribuição de renda e políticas de defesa dos direitos humanos – mas também pelo confronto com o Poder Judicial, a oposição e a imprensa nacional, os organismos financeiros internacionais e governos de países desenvolvidos – mas também países amigos, como o Uruguai.
A fase política foi inaugurada em 2003 por Nestor Kirchner. Ele foi o primeiro presidente eleito desde a crise de 2001, a maior na recente história argentina, que resultou na queda de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, na moratória da divida externa e na renúncia do então presidente Fernando de La Rua (da UCR), dois anos antes de terminar o mandato. Nas duas semanas seguintes, os argentinos tiveram cinco presidentes, todos eles do Partido Justicialista (Peronista) – o ultimo deles, Eduardo Duhalde, administrou a saída da crise e convocou eleições presidências e o vitorioso foi o candidato dele, Nestor Kirchner.
Apesar de ser do mesmo partido que Carlos Menem (que privatizou a economia nos anos 90 e atrelou o peso ao dólar, acabando com a hiperinflação, mas desencadeando a recessão), Kirchner adotou um modelo econômico diferente – graças, em parte à alta nos preços das commodities, exportadas pelo pais. Sem créditos externos (a Argentina ficou fora do mercado financeiro internacional depois da moratória), ele saldou a divida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para não depender do organismo internacional que sujeita seus empréstimos ao cumprimento de seus planos econômicos.
Nos quatro anos de governo de Kirchner, a economia argentina cresceu em média 8,5%. O governo renegociou a dívida com 93% dos credores e investiu em planos sociais para reduzir a pobreza (que na crise atingiu 60% da população). Outra bandeira kirchnerista foi a dos direitos humanos: Nestor Kirchner reabriu processos contra os responsáveis pelos crimes cometidos na ditadura (1976-1983), que duram ate hoje.
Mas a lua-de-mel com a população argentina terminou com a posse de Cristina Kirchner, mulher e sucessora de Nestor Kirchner. Ele morreu em 2010, um ano antes da reeleição de Cristina, no primeiro turno e com mais da metade dos votos. Ela manteve a politica de distribuição de renda, mas não foi capaz de controlar a inflação (de dois dígitos anuais) e, em 2011, impôs controles cambiais, limitando a compra de qualquer moeda estrangeira, para evitar a fuga de divisas do pais.
O novo presidente assume com um Banco Central com escassas reservas (US$ 26 bilhões). “Mas apenas US$ 4 bilhões desse total estão disponíveis para ser usados, se for necessário”, disse o economista Fausto Spotorno. Também assume com o desafio de corrigir a economia que, desde 2012, não cresce ao ritmo “chinês” de mais de 8%. Outro problema é a divida externa: uma minoria (7%) dos credores externos não aceitou as propostas de renegociação do governo argentino. Alguns desses credores (os chamados fundos abutres) compraram os papeis da dívida argentina a preços baixos e entraram na Justiça norte-americana para cobrar o devido, sem desconto.
Eles ganharam o processo e conseguiram impedir que o governo argentino pagasse a maioria dos credores, que aceitou a renegociação. Com isso, o país continua em moratória e sem acesso aos mercados financeiros internacionais. O grande desafio do próximo presidente é conseguir o apoio politico necessário para reconciliar os argentinos, depois de doze anos de “kirchnerismo”, que dividiu o pais entre amigos e inimigos do governo.
“A Argentina já não será igual a partir desta noite”, disse Ernesto Sanz, presidente da União Cívica Radical (UCR) e aliado do partido conservador Proposta Republicana (PRO) de Macri, na aliança Cambiemos (Mudemos). “A democracia argentina recuperou o equilíbrio e, mais tarde, veremos se recuperou a alternância”.
Macri carrega o peso de ser rico em um país marcado pelas reivindicações sociais. Depois de ser presidente do Boca Juniors e prefeito de Buenos Aires, deseja presidir a Argentina com ideias liberais para corrigir, na essência, 12 anos de kirchnerismo.
Aos 56 anos, ele está no final do segundo mandato como prefeito da capital e líder do partido conservador Proposta Republicana (PRO). Macri aspira suceder Cristina Kirchner em nome da aliança ‘Cambiemos’, com o apoio da direita e dos radicais (social-democratas).
A eleição marca o fim de 12 anos da era kirchnerista, marcadas por crescimento econômico, distribuição de renda e políticas de defesa dos direitos humanos – mas também pelo confronto com o Poder Judicial, a oposição e a imprensa nacional, os organismos financeiros internacionais e governos de países desenvolvidos – mas também países amigos, como o Uruguai.
A fase política foi inaugurada em 2003 por Nestor Kirchner. Ele foi o primeiro presidente eleito desde a crise de 2001, a maior na recente história argentina, que resultou na queda de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, na moratória da divida externa e na renúncia do então presidente Fernando de La Rua (da UCR), dois anos antes de terminar o mandato. Nas duas semanas seguintes, os argentinos tiveram cinco presidentes, todos eles do Partido Justicialista (Peronista) – o ultimo deles, Eduardo Duhalde, administrou a saída da crise e convocou eleições presidências e o vitorioso foi o candidato dele, Nestor Kirchner.
Apesar de ser do mesmo partido que Carlos Menem (que privatizou a economia nos anos 90 e atrelou o peso ao dólar, acabando com a hiperinflação, mas desencadeando a recessão), Kirchner adotou um modelo econômico diferente – graças, em parte à alta nos preços das commodities, exportadas pelo pais. Sem créditos externos (a Argentina ficou fora do mercado financeiro internacional depois da moratória), ele saldou a divida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para não depender do organismo internacional que sujeita seus empréstimos ao cumprimento de seus planos econômicos.
Nos quatro anos de governo de Kirchner, a economia argentina cresceu em média 8,5%. O governo renegociou a dívida com 93% dos credores e investiu em planos sociais para reduzir a pobreza (que na crise atingiu 60% da população). Outra bandeira kirchnerista foi a dos direitos humanos: Nestor Kirchner reabriu processos contra os responsáveis pelos crimes cometidos na ditadura (1976-1983), que duram ate hoje.
Mas a lua-de-mel com a população argentina terminou com a posse de Cristina Kirchner, mulher e sucessora de Nestor Kirchner. Ele morreu em 2010, um ano antes da reeleição de Cristina, no primeiro turno e com mais da metade dos votos. Ela manteve a politica de distribuição de renda, mas não foi capaz de controlar a inflação (de dois dígitos anuais) e, em 2011, impôs controles cambiais, limitando a compra de qualquer moeda estrangeira, para evitar a fuga de divisas do pais.
O novo presidente assume com um Banco Central com escassas reservas (US$ 26 bilhões). “Mas apenas US$ 4 bilhões desse total estão disponíveis para ser usados, se for necessário”, disse o economista Fausto Spotorno. Também assume com o desafio de corrigir a economia que, desde 2012, não cresce ao ritmo “chinês” de mais de 8%. Outro problema é a divida externa: uma minoria (7%) dos credores externos não aceitou as propostas de renegociação do governo argentino. Alguns desses credores (os chamados fundos abutres) compraram os papeis da dívida argentina a preços baixos e entraram na Justiça norte-americana para cobrar o devido, sem desconto.
Eles ganharam o processo e conseguiram impedir que o governo argentino pagasse a maioria dos credores, que aceitou a renegociação. Com isso, o país continua em moratória e sem acesso aos mercados financeiros internacionais. O grande desafio do próximo presidente é conseguir o apoio politico necessário para reconciliar os argentinos, depois de doze anos de “kirchnerismo”, que dividiu o pais entre amigos e inimigos do governo.
Correio do Povo