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Edelvânia acusa delegada de receber dinheiro para arquivar processo da morte da mãe de Bernardo


   Acusação foi feita durante entrevista ao jornal Zero Hora/Foto: Arquivo/Rodrigo Oliveira/TP News
Em entrevista ao jornal Zero Hora, publicada nesta sexta-feira, 13, Edelvânia Wirganovicz, uma das acusadas de participação na morte de Bernardo Boldrini no ano passado, alega que foi coagida em depoimento prestado à polícia em abril de 2014, quando deu detalhes da morte do menino e confessou o crime, e que a morte de Bernardo não foi premeditada.
“Eu trabalhava em uma farmácia que atendia a 26 municípios, era responsável pelos medicamentos. 
A polícia começou a investigar para cima de mim. Fiquei nervosa, preocupada, e comecei a tomar os remédios que tinha lá. 
Estava dopada, estava chapada de tanto remédio naquela última semana.
 Daí, me levaram na delegacia e a delegada (quem colheu o depoimento foi a delegada Cristiane de Moura e Silva) me colocou sentada numa cadeira. 
E eu já pedi para ela que queria a presença de um advogado. 
E eles tiraram meu direito da presença de um advogado (no vídeo do depoimento, policiais repetem duas vezes a Edelvânia o direito constitucional de ficar calada e só falar em juízo). Elas me coagiram a falar tudo aquilo. 
A delegada me disse: “Edelvânia, faz do jeito que nós mandarmos tu fazer que tu não vai pegar cadeia nenhuma”. 
Confiei nelas. 
E falei. 
Eu estava mal, estava chapada, estava drogada de remédio. 
Quando me dei conta, elas estavam montando o processo para me incriminar.
Estou presa hoje há mais de um ano por causa da Graciele e da delegada. 
A delegada me mentiu. Hoje eu sei por que elas fizeram isso comigo”, disse Edelvânia na entrevista.
Edelvânia Wirganovicz também acusou a delegada Carline Bamberg Machado de receber um alto valor em dinheiro de Leandro Boldrini e de Gracieli Ugulini para arquivar o inquérito da morte de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo.
“Numa ida a Três Passos. No dia da audiência. 
A Graciele me contou que o Leandro tinha dado um valor alto para a delegada não reabrir o caso. 
Sim, a Graciele me falou. 
Ela me contou que eles tinham dado um valor alto para a delegada não reabrir o inquérito. 
E foi o que ela fez. Ela não abriu,” denunciou a assistente social.
Procurados pelo jornal, os advogados de Gracieli e de Leandro negaram suposto pagamento de dinheiro à delegada Caroline Bamberg para que o inquérito sobre a morte da mãe de Bernardo fosse arquivado. 
A delegada Caroline Bamberg, em nome da Polícia Civil, disse que foram garantidos, em depoimento, os direitos constitucionais, que foi oportunizado um defensor e Edelvânia rejeitou. 
Nega qualquer hipótese de ter coagido Edelvânia ou que tenha recebido dinheiro de Leandro ou Graciele.
A delegada Caroline Bamberg Machado, ex-titular da Delegacia de Polícia Civil de Três Passos, tomou posse da 9º Delegacia Regional de Polícia na terça-feira, no dia 2 de junho, em Cruz Alta. 
Segundo a Polícia Civil do Estado, a delegada foi promovida, dando lugar ao delegado Marcelo Mendes Lech, da 2ª DP de Santa Rosa, que assumiu as novas investigações sobre a morte da mãe do menino Bernardo Boldrini.
Entenda o Caso Odilaine
Conforme a polícia, Odilaine teria cometido suicídio dentro do consultório do pai de Bernardo, Leandro Boldrini, no dia 10 de fevereiro de 2010, em Três Passos. 
No inquérito policial, consta que ela comprou um revólver calibre 38 pouco antes de ir à clínica. 
Além disso, também há o registro de um bilhete em que a secretária do médico, Andressa Wagner, entregaria ao patrão, alertando sobre a chegada de Odilaine. 
O processo conta com depoimentos de testemunhas que estavam na sala de espera no dia da morte e com documentos referentes a uma possível divisão da pensão a ser paga após o processo de separação do casal.
Já a defesa da família Uglione alega que houve falhas na investigação da morte da mãe de Bernardo, entre as principais, estão divergências quanto ao exato local da lesão no crânio de Odilaine; existência de lesões no antebraço direito e lábio inferior da vítima; lesões em Leandro Boldrini; vestígios de pólvora na mão esquerda da vítima, que era destra; ausência de exame pericial em Boldrini, uma carta fraudada supostamente deixada pela mãe de Bernardo e a própria morte do garoto, que configuraria um fato novo.
Entenda o Caso Bernardo
Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos. Dez dias depois, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico, enterrado às margens de um rio. 
Foram presos o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e uma terceira pessoa, identificada como Edelvânia Wirganovicz. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, também foi preso acusado de participar da ocultação do cadáver. 
Os quatro foram indiciados e irão a julgamento.
Veja entrevista na íntegra: