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Dólar termina segunda-feira estável, em R$ 4,15

Porém, trimestre que se encerra nesta segunda começou com moeda americana em R$ 3,48

Ibovespa fechou em baixa de 0,32%, aos 104.745,32 mil pontos 

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O último dia do trimestre terminou com o dólar estável. Mas os três meses que se encerram nesta segunda-feira começaram com a moeda americana em R$ 3,84 e terminaram com a divisa em R$ 4,15, uma valorização de 8,1%. Com isso, o real ficou com um dos piores desempenho entre emergentes, embora em setembro o ritmo de depreciação tenha se reduzido, em meio ao progresso das negociações comerciais entre Estados Unidos e China. No acumulado do mês, o dólar subiu 0,31% após avançar 8,45% em agosto e recuar 0,53% em julho.

Nesta segunda-feira, declarações de parlamentares em Brasília de que a reforma da Previdência vai mesmo ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta terça e no plenário da casa nesta terça ou quarta-feira fizeram a moeda americana passar a cair, testando mínimas a R$ 4,14. Pela manhã, na máxima, foi a R$ 4,17 em meio à disputa pelos investidores pela definição da Ptax, referencial usado em contratos de câmbio e balanços. No final do dia, a queda se reduziu, com os agentes esperando as votações.

“A questão que preocupava o mercado era se haveria novos atrasos, se o cronograma de votar o texto até o dia 10 será cumprido e pelas declarações de hoje, parece que sim”, disse o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello. Para ele, se o texto for votado em plenário esta semana, o dólar pode até recuar um pouco mais, na medida em que o adiamento da votação causou estresse no mercado de câmbio. Ao mesmo tempo, se houver novas postergações, as cotações podem se estressar novamente.

No trimestre que se encerra nesta segunda, as movimentações dos grandes investidores no mercado futuro de câmbio, que no Brasil determina os preços do mercado à vista, mostram que as apostas contra o real aumentaram de forma considerável. Os investidores institucionais, principalmente fundos de investimento, cortaram em US$ 8 bilhões as posições vendidas em dólar, que ganham com a queda da moeda americana, de acordo com levantamento dos estrategistas do Rabobank. Já os estrangeiros aumentaram as posições compradas, que ganham com a valorização da moeda americana, em US$ 12 bilhões desde o final de junho.

No terceiro trimestre, o Rabobank calcula que o Banco Central injetou US$ 13 bilhões no mercado à vista, considerando as operações feitas até o último dia 24. Em meio aos efeitos da maior incerteza da economia mundial e de novos catalisadores para o mercado local de câmbio, a avaliação do Rabobank é que o BC deve seguir com vendas de dólares no mercado à vista pela frente. No final do ano, por conta de necessidades sazonais de empresas e fundos, as remessas para o exterior devem aumentar, o que vai pressionar ainda mais o câmbio, pois os agentes vão querer dólar à vista.

Ibovespa

Em um pregão morno e de liquidez reduzida, o Índice Bovespa se descolou do bom humor das bolsas em Nova York nesta segunda-feira e operou a maior parte do dia entre ligeira queda e estabilidade, abaixo da linha dos 105 mil pontos. Com uma realização de lucros no setor financeiro e as perdas das ações da Petrobras, o principal índice da B3 fechou em baixa de 0,32%, aos 104.745,32 mil pontos.

A despeito do escorregão nesta segunda-feira, o Ibovespa se recuperou da perda de 0,67% em agosto fechou setembro com alta de 3,57%, pouco mais de mil pontos abaixo do recorde histórico de pontuação, de 105.817,06 pontos, em 10 de julho. Foi também a terceira maior valorização mensal do ano, abaixo apenas de janeiro (+10,82) e junho (+4,86%). Com isso, o índice encerrou o trimestre com ganhos de 3,74% e levou a alta acumulada em 2019 a 19,18%.

Segundo operadores, a recuperação do Ibovespa em setembro se deu fundamentalmente por fatores externos. Com os principais bancos centrais do mundo adotando medida de estímulos monetários e sinais de arrefecimento da guerra comercial sino-americana, diminuíram os temores de uma recessão global. Também ficou para trás em setembro o ápice do nervosismo com a crise argentina, em meio à perspectiva de vitória de um kirchnerista na corrida presidencial do país vizinho.

Por aqui, houve certa frustração com o adiamento da votação da reforma da Previdência no Senado e desalento com a recuperação lenta da atividade econômica. Do lado positivo, figurou a redução da Selic em 0,50 ponto porcentual, para 5,50%, e a sinalização do Banco Central de que os juros seguirão em trajetória cadente.

Para Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset, esta e a próxima semana tendem a ser decisivas para que o Ibovespa tenha forças para galgar novos recordes ainda neste ano, superando os 110 mil pontos. “O Ibovespa precisa de novos gatilhos. Com a aprovação da Previdência no Senado, podemos ter uma melhora da confiança e alguma melhora da economia, que está muito fraca”, afirma.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou nesta segunda que o relatório da reforma da Previdência será votado nesta terça-feira, 1º, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O plenário da Casa deve votar a proposta em primeiro turno ao longo da tarde. Ele voltou a reafirmar o compromisso de votar a matéria em segundo turno no Senado na primeira quinzena de outubro, talvez na terça-feira ou quarta da próxima semana.

No exterior, as atenções estarão voltadas ao encontro bilateral entre americanos e chineses, em Washington, no dia 10. Operadores lembram que as bolsas chinesas estarão fechadas por sete dias a partir desta terça, em razão do feriado de comemoração pelo 70º aniversário da Revolução Chinesa, o que deve restringir a liquidez nos mercados e reforçar entre os investidores o tom de compasso de espera pelo encontro bilateral no dia 10.

Sem ânimo para novos negócios, investidores optaram nesta segunda-feira por uma realização de lucros no setor financeiro, o que determinou o sinal negativo do Ibovespa. O papel PN do Itaú caiu 1,41%, e o ON do Bradesco, 1,68% – ambos figuraram entre as demais maiores queda dentro da carteira teórica do índice. Outro ponto negativo foram as perdas das ações da Petrobras – 0,40% (PN) e 0,89% (ON) -, na esteira da queda do petróleo. O volume negociado ficou em apenas R$ 12,351 bilhões.

Taxas de juros

Os juros futuros fecharam o mês de setembro e o terceiro trimestre perto dos ajustes da última sexta-feira. As taxas oscilaram ao redor da estabilidade durante todo o dia, esboçando um movimento de queda na última hora da sessão regular desta segunda-feira, quando o dólar passou a cair. A virada da moeda levou alguns contratos para as mínimas, mas no fechamento as taxas voltavam a andar de lado, na medida em que o recuo da moeda americana posteriormente também perdeu fôlego. Dada a agenda e noticiário sem destaques, o mercado ficou em compasso de espera pelos eventos da semana. Internamente, a expectativa é pela votação da reforma da Previdência em primeiro turno Senado nesta terça e, na quarta, pelo fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da ação que pode anular sentenças já definidas em condenações da Operação Lava Jato. Lá fora, o destaque é o relatório de emprego norte-americano, mas só na sexta-feira.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 4,950% (mínima), de 4,959% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 6,05%, de 6,061% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,67%, de 6,661%.

O câmbio bem comportado, o viés positivo do quadro externo e, nos fundamentos, a perspectiva favorável para os cenários de inflação e Selic ajudaram a ancorar as taxas, enquanto o mercado aguarda os próximos dias. A pesquisa Focus trouxe mudanças marginais na mediana para o IPCA, enquanto as de Selic foram atualizadas para um quadro já contemplado na curva de juros desde a semana passada. A mediana para este ano foi de 5,00% para 4,75% ao ano, mas para a taxa no fim de 2020 permaneceu em 5,00% ao ano. No caso de 2021, a projeção foi de 6,75% para 6,50% e no fim de 2022 seguiu em 7,00%.

A partir de terça, as atenções começam a se voltar a Brasília. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), assegurou que há acordo entre os líderes para que a Previdência seja o único item da pauta nesta terça-feira e, com isso, haja maior celeridade no processo. A ideia é votar o texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pela manhã e no plenário à tarde e à noite.

A aprovação do texto já está precificada. “Espera-se a aprovação na íntegra do parecer do senador”, afirma relatório da Necton Investimentos, sobre o texto do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A movimentação foi fraca nesta segunda-feira, mas no trimestre a curva teve forte alívio de prêmios. Como efeito de comparação, no fim do segundo semestre, no dia 29 de junho, o DI para janeiro de 2021 fechou em 5,88%, mais de 1 ponto porcentual acima da taxa de hoje, de 4,96%. O DI para janeiro de 2023, que naquela data estava em 6,66%, recuou 61 pontos-base, e o DI para janeiro de 2025, que havia fechado o segundo trimestre em 7,15%, caiu quase 50 pontos nos últimos três meses.

Correio do Povo