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Dólar fecha em leve queda e termina em R$ 4,09 nesta terça

Bovespa teve queda de 0,14% e retornou ao nível dos 103 mil pontos

Bovespa teve queda de 0,14% e retornou ao nível dos 103 mil pontos 

O dólar encostou em R$ 4,13 pela manhã desta terça-feira, mas a alta perdeu fôlego e a moeda americana passou a tarde operando perto da estabilidade, tanto no mercado à vista como no futuro. As mesas de câmbio operaram em linha com o exterior, aguardando a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e monitorando as conversas sobre a reforma da Previdência no Senado, após o pedido de adiantamento da votação ter sido negado. O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,07%, a R$ 4,0957.

Dúvidas sobre a tramitação da Previdência em meio a relatos de que o relator do texto, Tasso Jereissati (PSDB-CE), mudou pontos da reforma, o que ele admitiu mais tarde, provocaram certo estresse pela manhã e fizeram o real ser a moeda que mais se enfraqueceu ante o dólar. Na máxima, foi a R$ 4,1296 (+0,75%). Mas a agenda esvaziada no exterior, com os lançamentos de produto da Apple dominando o noticiário, provocou um dia de calmaria no mercado internacional de moedas.

O real, que na segunda havia piorado mais que os pares, teve comportamento mais contido. “As incertezas continuam as mesmas, seja na Europa, na China e no mercado interno”, avalia o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, ressaltando que o mercado doméstico e o externo pesaram mais cedo para as cotações, mas na parte da tarde o dólar se estabilizou, com os agentes aguardando eventos como a reunião do BCE e novos catalisadores para os preços. Para o estrategista de moedas do Société Générale, Bertrand Delgado, a moeda brasileira e as de outros países da América Latina podem ganhar alguma força nas próximas semanas, na medida em que o Federal Reserve deve cortar os juros, o que tende a enfraquecer o dólar no mercado internacional. Outro fator que pode ajudar é a perspectiva de avanço nas negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos, que prometeram se reunir em outubro. Ao mesmo tempo, Delgado alerta que as idas e vindas nas negociações das duas maiores economias do mundo, aliadas a um movimento de busca por segurança, tendem a deixar as moedas da região “voláteis e com um viés de enfraquecimento” nos próximos trimestres.

Para o real, o Société afirma estar “pessimista”, em meio ao fraco crescimento brasileiro e os problemas fiscais. Pelo lado positivo, as reformas avançam no Brasil e as contas externas estão saudáveis, melhores que outros mercados da região, ressalta ele em relatório.

Bovespa

Apesar de uma recuperação na reta final do pregão desta terça-feira, quando voltou ao nível dos 103 mil pontos acompanhando a virada para o campo positivo do índice Dow Jones, o Ibovespa não teve forças para emendar o quinto pregão seguido de alta. Segundo operadores, a combinação de forte queda de ações de varejistas, abaladas pelo lançamento da Amazon Prime, e uma realização de lucros com papéis de bancos mais que sobrepujaram a nova rodada de avanço de siderúrgicas, Petrobras e Vale. Com máxima de 103.503,45 pontos e mínima de 102.230,73 pontos, o Ibovespa fechou em queda de 0,14%, aos 103.031,50 pontos, em mais um dia de bom volume negociado, de R$ 17,362 bilhões.

A despeito das perdas nesta terça-feira, o índice ainda apresenta alta de 0,09% na semana e ganhos de 1,88% no acumulado do mês. Em meio à agenda de indicadores domésticos e externos esvaziada e na expectativa pelas decisões de política monetária na Europa e nos Estados Unidos, além do desenrolar da novela do Brexit, os mercados operaram mais de olho no noticiário corporativo. “Como não há um fato mais forte para direcionar o mercado, o índice oscilou junto com Nova York. Os bancos que estavam sustentando a alta dos últimos dias perderam força e as varejistas caíram bastante, o que acabou neutralizando o impacto positivo das ações ligadas a commodities”, afirma Ariovaldo Ferreira, gerente da mesa de renda variável da H. Commcor, ressaltando que questões políticas internas, como o ritmo de tramitação da reforma da Previdência no Senado e a possibilidade de criação de um tributo nos moldes da extinta CPMF, “deixam o mercado com um pé atrás”, mas não exercem ainda grande influência sobre as cotações.

Sob impacto do lançamento no Brasil do serviço Amazon Prime, papéis de Magazine Luiz e B2W e Via Varejo lideraram as perdas na carteira teórica, com quedas superiores a 4%. Com degustação gratuita por 30 dias e assinatura mensal de R$ 9,90, o Amazon Prime oferece entrega com frete grátis de produtos – o que o coloca como concorrente direto com as grandes redes locais – e acesso a serviços streaming de vídeo, música e leitura. Depois de avançar mais de dois dígitos nos últimos quatro pregões, os papéis dos principais bancos perderam força, com investidores embolsando lucros. A ação PN do Bradesco amargou queda de 1,77%, e a PN do Itaú recuou 1,94%. Com isso, o Índice Financeiro (IFNC) terminou o dia com queda de 0,97%, o pior entre os índices setoriais da B3.

Na ponta oposta, as ações da Petrobras subiram – PN (0,63%) e ON (0,77%) – a despeito da queda dos preços internacionais do petróleo. Já a ação da Vale avançou 0,73%, em meio à alta moderada (0,27%) do preço do minério no porto de Qingdao, na China. Os papéis da mineradora também se beneficiaram do fato de a agência de classificação de risco Fitch ter não apenas reafirmado, segunda à noite, o rating em BBB-, mas também ter retirado a observação para eventual rebaixamento. O dia também foi positivo para as siderúrgicas, com ações de Gerdau e CSN figurando no grupo das cinco maiores altas dentro do índice.

Taxas de juros

O sinal de alta dos juros futuros, que já não era muito forte pela manhã desta terça-feira, ficou ainda mais apagado durante a tarde, na medida em que o dólar perdeu força ante o real, voltando a ficar abaixo dos R$ 4,10. No fechamento da sessão regular, as taxas estavam praticamente de lado. A exemplo de segunda, a terça-feira foi mais um dia fraco, com pouca oscilação de taxas e liquidez muito reduzida, reflexo, por sua vez, da agenda e noticiários sem destaques. Os investidores preferem aguardar os próximos dias, quando saem a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e dados de atividade domésticos, para definir suas posições.

No fechamento da sessão regular, as taxas estavam longe das máximas vistas pela manhã. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a 5,35%, de 5,338% segunda no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 6,421% para 6,45%. A do DI para janeiro de 2025 terminou em 7,01%, de 6,891% no ajuste anterior. Pela manhã, o aumento do dólar a até perto de R$ 4,13 ajudou a pressionar as taxas, em meio ainda ao novo avanço no rendimento dos Treasuries. À tarde, o dólar inverteu o sinal e passou a cair para encerrar abaixo dos R$ 4,10, o que enfraqueceu o viés de alta dos DIs, embora os yields dos Treasuries tenham, ao contrário, ampliado a alta e renovado máximas na etapa vespertina. Após a inversão da curva das T-Notes de 2 e 10 anos no fim de agosto, as taxas voltaram à “normalidade” nos últimos dias, com alguma margem de folga no diferencial.

Para o trader da Sicredi Asset Danilo Alencar, o mercado precisa de fatos novos para definir uma tendência e talvez voltar a testar as mínimas históricas. “Hoje (terça) foi muito sem emoção”, disse. Esses motores podem aparecer nos próximos dias, quando a agenda começa a esquentar. Do BCE, se espera anúncio de novo programa de recompra de ativos e ao longo da semana no Brasil saem os dados de varejo, serviços e o IBC-Br, todos de julho. Esses indicadores servirão para medir o pulso da economia, após a decepção trazida pela queda da produção industrial daquele mês. Por ora, a percepção é de que a atividade parou de piorar mas está estagnada, sem tração de investimentos e do consumo.

Essa avaliação, juntamente com a perspectiva de desaceleração da economia global, sustenta apostas de queda da Selic neste e nos próximos meses. Para o Copom de setembro, a precificação da curva aponta 76% de chance de um novo corte de 0,50 ponto porcentual, para 5,5%, segundo a Quantitas Asset. “O mundo inteiro cresce menos hoje, não tem muita alternativa a não ser política monetária mais estimulativa e talvez até ajuda da política fiscal”, disse Artur Schneider, responsável pela área de renda fixa da Monte Bravo.

Correio do Povo