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Dólar cede 0,51% ante o real e fecha em R$ 3,54

Mercado acionário brasileiro teve nesta segunda seu terceiro pregão seguido de baixa

                    Foto: Romeo Gacad / CP Memória
O mercado de câmbio teve um dia relativamente tranquilo nesta segunda-feira, com oscilações contidas. O principal fator do dia foi a ausência dos leilões de swap reverso do Banco Central, equivalentes à compra de dólares no mercado futuro. Sem a pressão compradora do BC, o dólar à vista fechou em queda de 0,51%, aos R$ 3,5487. No mercado futuro, a moeda para maio, que encerra às 18 horas, cedia 0,74% no fim da tarde, aos R$ 3,5550.
No início da sessão, o viés negativo para o dólar era justificado por esta ausência do BC nos negócios e pelo exterior. Lá fora, o dólar cedia ante várias divisas de exportadores de commodities. A moeda americana chegou à registrar leve ganho (+0,07%, aos R$ 3,5693) às 9h21min no Brasil, mas apenas pontualmente. No restante do tempo, se manteve no território negativo – inclusive quando, mais tarde, o dólar passou a subir no exterior.
A cotação mínima do dia no Brasil, de R$ 3,5406 (-0,74%), foi vista às 14h31, quando o dólar já registrava ganhos ante várias divisas no exterior. No entanto, a oscilação entre a máxima e esta mínima, de apenas -0,80%, mostra o quanto a volatilidade foi menor hoje. À tarde, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou os dados mais recentes da balança comercialbrasileira. O País teve superávit de US$ 1,035 bilhão na quarta semana de abril, resultado de exportações de US$ 3,241 bilhões e importações de US$ 2,206 bilhões.
No relatório Focus, a mediana projetada para a balança comercial em 2016 está em +US$ 48,00 bilhões, acima dos +US$ 45,51 bilhões da semana anterior. Para 2017, seguiu em +US$ 50,00 bilhões. O câmbio projetado para o fim deste ano é de R$ 3,80 e, para o fim de 2017, de R$ 4,00.
A expectativa nos mercados, agora, concentra-se na votação dos indicados para a Comissão Especial que analisará o processo de impeachment no Senado. O colegiado elegerá 42 integrantes da comissão, 21 titulares e 21 suplentes. A sessão parlamentar ocorre neste final de tarde.
Bovespa
O mercado acionário brasileiro teve nesta segunda seu terceiro pregão seguido de baixa e, novamente, determinada pela deterioração do cenário internacional. O Índice Bovespa terminou o dia em queda de 1,98%, aos 51.861,71 pontos. O volume de negócios totalizou R$ 5,72 bilhões, bem abaixo da média do mês, num sinal da cautela do investidor diante das indefinições dos cenários interno e externo.
No ambiente político doméstico, os players monitoraram as especulações em torno de nomes para a equipe econômica de um eventual governo Michel Temer (PMDB-SP). No cenário externo, foram acompanhados de perto os sinalizadores do ritmo econômico global, em meio à expectativa pela decisão de política monetária nos juros nos Estados Unidos, na quarta-feira. Nesse mesmo dia acontece a reunião do brasileiro Copom.
Assim como já havia acontecido na última sexta-feira, as ações da mineradora Vale estiveram entre os principais destaques de baixa. Os papéis reagiram a mais uma queda do minério de ferro no mercado chinês, que também derrubou as ações de outras mineradoras pelo mundo. A queda das commodities metálicas esteve relacionada aos temores em torno do ritmo lento da economia da China e da fraqueza da balança comercial da segunda maior economia do mundo. Ao final dos negócios, Vale ON e PNA recuaram 6,57% e 7,51%, respectivamente.
O setor siderúrgico também pegou carona na queda das commodities e reagiu negativamente. O destaque ficou com as ações da Usiminas, que refletiram ainda alguma frustração com o resultado financeiro do primeiro trimestre do ano. A empresa anunciou prejuízo líquido de R$ 151 milhões, resultado 35,7% menor que o do mesmo período de 2015. O Ebitda ajustado somou R$ 52 milhões, 7,3 vezes menor. Apesar de os resultados terem apresentado melhora na comparação 2016/2015, os números foram considerados fracos. Usiminas PNA foi a maior queda do Ibovespa, com recuo de 10,38%.
O petróleo foi outra matéria-prima a gerar influência no mercado brasileiro. Com queda de 2,49% na Nymex (US$ 42,64 o barril) e de 1,40% na ICE (US$ 44,48), a commodity ajudou na desvalorização das ações da Petrobras, que caíram 4,19% (ON) e 4,31% (PN).
Taxas de juros
Os juros futuros fecharam a sessão desta segunda-feira em queda, refletindo principalmente a expectativa otimista do mercado financeiro com a composição da equipe econômica num eventual governo Michel Temer. Outros fatores que
contribuíram para a devolução de prêmios ao longo da curva a termo foram a queda do dólar e o recuo da mediana das projeções de inflação na pesquisa Focus.
Ao término da sessão regular na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2016 tinha taxa de 14,077%, de 14,075% no ajuste da sexta-feira. O DI para janeiro de 2017 estava em 13,485%, de 13,520% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2018 caiu de 12,77% para 12,72%. Nos contratos longos, o DI janeiro de 2021 encerrou em 12,75%, de 12,90% no último ajuste.
Como reflexo da perspectiva do investidor de mudança no comando do País, os juros longos tiveram recuo mais expressivo, dadas as apostas não somente de que a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff será aprovado no Senado, como também de que, num eventual governo Temer, a economia estará a cargo de nomes simpáticos ao mercado, como o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, cogitado para ocupar o Ministério da Fazenda.
Ele esteve reunido com Temer no sábado e disse que não recebeu convite oficial para o cargo. Questionado pelos jornalistas se aceitaria o posto, Meirelles respondeu: “Não trabalho com hipóteses”. Ele acrescentou, no entanto, que está disposto a aconselhar Temer, como sempre fez. 
O mercado de juros trabalhou alinhado também ao câmbio. O dólar esteve em queda durante praticamente toda a sessão.
Na pesquisa Focus, a mediana das projeções para o IPCA em 2017 – horizonte que agora é o foco do Banco Central – caiu de 5,93% para 5,80%. Já a mediana para o IPCA de 2016 ficou em 6,98%, ante 7,08% da semana passada.
Correio do Povo