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Dólar cai 1,67% em dia de recuperação de apetite por risco e fala de Powell

Moeda norte-americana fechou a R$ 5,5

Mercado norte-americano sofreu forte influência de discurso do FED 

Uma recuperação mais acentuada do apetite por ativos de risco ao longo da tarde, na esteira de declarações do presidente do Federal Reserve (FED, o banco central norte-americano), Jerome Powell, e do leilão bem-sucedido de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, abriu espaço para uma queda expressiva do dólar na sessão desta terça-feira.

Já em baixa pela manhã, mas ainda acima da linha de R$ 5,60, a moeda renovou sucessivas mínimas na segunda etapa de negócio, em sintonia com o ambiente externo, marcado por enfraquecimento da moeda americana, recuo das taxas dos Treasuries mais longos e alta das commodities.

Com as bolsas em Nova York se firmando em terreno positivo e o Ibovespa batendo novas máximas, na casa dos 103 mil pontos, o dólar à vista desceu até a mínima de R$ 5,5688 (-1,86%). No fim da sessão, recuava 1,67%, a R$ 5,5798 – menor valor desde 30 de dezembro, último pregão de 2021, quando fechou a R$ 5,5759. Com o tombo desta terça, o dólar praticamente zerou a alta acumulada no ano, que passou a ser de apenas 0,07%. O dólar futuro para fevereiro fechou a R$ 5,59350, em queda de 1,70%, com giro de US$ 12,49 bilhões.

Em audiência no Senado norte-americano, Powell disse que a economia norte-americana não precisa mais de uma política monetária altamente acomodatícia e que este é o momento ideal para redução de estímulos. Apesar da perspectiva de alta de juros nos próximos meses para conter a inflação, o dirigente afirmou que os Estados Unidos estão – e provavelmente permanecerão – em “uma era de juros extremamente baixos”.

Em relação à parte mais dura e surpreendente da ata divulgada na semana passada (a menção ao objetivo de reduzir do balanço patrimonial da instituição), o presidente do BC disse que ainda não há uma decisão. “Devemos demorar de três a quatro encontros para decidir sobre balanço patrimonial”, afirmou Powell, ressaltando, porém, que essa redução será em ritmo mais rápido do que durante o último ciclo semelhante, no período subsequente à crise financeira de 2008

Na avaliação do economista Eduardo Velho, sócio da JF Trust, embora tenha mantido o tom duro da última ata do Fed, Powell não chancelou apostas mais agressivas em torno da política monetária, de cinco a seis altas de juros em 2022.

“Depois da ata e da queda da taxa de desemprego, o mercado ficou mais pessimista e puxou muito a aposta em alta de juros. E hoje está corrigindo”, afirma Velho, que ainda considera plausível o cenário de três elevações da taxa básica de juros nos EUA no ano que vem, com a primeira já em março. “A fala de Powell mostra intensidade e o tamanho do ajuste em termos de juros e liquidez ainda não estão definidos pelo Fed.”

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes – passou a trabalhar em queda firme e registrou mínimas na casa de 95,500 pontos ao longo da tarde. A moeda americana também caiu em relação à maioria das divisas de países emergentes e de exportadores de commodities.

A economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, atribui a apreciação do real nesta terça a dois fatores: a queda das taxas dos Treasuries, que tirou pressão sobre as divisas emergentes, e a perspectiva de mais aumentos da taxa Selic, na esteira do IPCA de dezembro.

Correio do Povo