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Dólar à vista sobe e fecha a R$ 5,43 com exterior negativo e cautela com CPI

Foto: Stephen Bayer / AFP / CP

Moeda norte-americana operou em alta nesta terça-feira

Dólar fechou em alta por conta do temor externo com a CPI da Covid-19

O dólar operou em alta no mercado à vista nesta terça-feira, 4, acompanhando a valorização da moeda americana no exterior, em dia de aversão internacional a risco, e a cautela com a CPI da Covid, tentativa de derrubar parcialmente vetos do orçamento e a apresentação do relatório da reforma tributária.

No mercado futuro, porém, o dólar teve dia de queda moderada, influenciada pelo fechamento discrepante ontem em relação ao mercado spot, que caiu, enquanto o futuro teve leve alta, e ainda relatos do prosseguimento do desmonte de posições contra o real na B3.

Somente na segunda-feira, primeiro pregão de maio, investidores estrangeiros e fundos nacionais reduziram em conjunto US$ 2 bilhões em apostas compradas na B3, ou seja, que ganham com a valorização da divisa dos Estados Unidos.

No fechamento, o dólar à vista terminou em alta de 0,22%, a R$ 5,4307. No mercado futuro, o dólar para junho cedia 0,19% às 17h35, a R$ 5,4460.

O dólar teve as mínimas do dia, na casa dos R$ 5,41, em meio à declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência pública no Congresso.

Ele avaliou que o dólar tende a cair, na medida em que o Brasil deve ter superávits comerciais recordes com a alta do preço das commodities no mercado internacional. “Acho que o dólar vai cair mais para frente”, afirmou.

Como ressalta um diretor de tesouraria, as declarações tiveram repercussão no mercado porque Guedes sempre foi defensor de um real mais desvalorizado. O ministro reconheceu esta defesa nesta terça e afirmou que o câmbio estava fora do equilíbrio no Brasil, mas no ajuste no governo Bolsonaro, o dólar acabou subindo demais.

“Todas essas incertezas, doenças, perspectiva de recessão, dúvidas sobre reformas, boatos de que toda hora o ministro pode cair. Vivemos uma fase difícil, turbulenta”, afirmou o ministro na audiência pública.

Esta semana, profissionais das mesas de câmbio dizem que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode dar novo fôlego ao real, caso sinalize mais altas pela frente e/ou retire do comunicado a expressão que classifica o ajuste em curso de alta na Selic como parcial.

Na avaliação do estrategista do Société Générale, Dev Ashish, o Copom deve elevar os juros na quarta-feira em 0,75 ponto porcentual e ainda sinalizar nova alta, por conta da pressão persistente na inflação.

 

Ele prevê a Selic a 4,5% este ano e 5,5% em 2022, mas reconhece que os números estão abaixo do consenso do mercado e há risco de juros maiores, especialmente se houver aperto das condições financeiras internacionais ou se ocorrer mais deterioração das contas fiscais.

Bolsa

Ventos externos ruins aliados ao comportamento bem negativo das ações do setor financeiro e a ruídos políticos com o início das oitivas na CPI da Covid fizeram com que o Ibovespa perdesse o suporte dos 119 mil pontos que vinha segurando desde meados do mês passado para operar dois degraus abaixo, na marca dos 117 mil pontos, vista no início de abril. Assim, o indicador passou toda a sessão de negócios em baixa para encerrar o dia aos 117.712,00, com queda de 1,26%.

Unânimes, os analistas ressaltam que a piora externa, que acabou contaminando o ambiente doméstico, veio após a secretária do Tesouro dos Estados Unidos afirmar que as taxas de juros no país podem ter de subir para evitar o sobreaquecimento da economia americana. Com isso, os principais índices das bolsas em Wall Street aceleraram quedas e o dólar se fortaleceu no globo.

E o movimento externo encontrou localmente um terreno fértil para imprimir a queda do Ibovespa que bateu na mínima do dia nos 117.630,62 pontos: CPI da Covid, que ouviu nesta terça Mandetta, o primeiro ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, dúvidas sobre como vai sair a reforma tributária, e isso num cenário de uma economia que se arrasta devido ao lento processo de vacinação.

 

“A CPI é barulho, por desgastar ainda mais o governo Bolsonaro. Todo mundo está de olho na velocidade devacinação, o controle da pandemia, e se vai ser possível evitar uma terceira onda no Brasil”, ressalta Attuch.

Do ponto de vista corporativo, a queda forte das ações dos bancos, que têm peso de mais de 20% do índice Bovespa, contribuiu muito para o dia negativo. Os investidores não gostaram da “qualidade” dos dados do balanço do Itaú Unibanco divulgados na segunda-feira à noite.

“Os bancos foram o carro-chefe na queda. Quem segurou a bronca foi a Vale”, disse Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. “Quando o setor de bancos começa a dar um sinal mais negativo todo mundo começa a olhar mais com mais cuidado”, afirmou Cruz.

Correio do Povo.