Guillermo Lasso toma posse nesta segunda-feira
O ex-banqueiro de direita Guillermo Lasso tomará nesta segunda-feira (24) as rédeas do Equador, um país afetado por uma “crise tripla” e que vai virar a página do correísmo depois de 14 anos.
Lasso, de 65 anos e que vai substituir o impopular Lenín Moreno, herda “uma situação nacional muito forte devido a uma crise tripla: econômica, social e sanitária”, agravada pela pandemia, disse à AFP a cientista política Karen Garzón Sherdeck, da Universidade Internacional SEK.
“O presidente que entrar deve enfrentar paralelamente as três crises para poder reativar a economía e trazer de volta uma geração de emprego e bem-estar da população”, comentou à AFP o economista Alberto Acosta Burneo, da consultora Grupo Spurrier.
O governo de Moreno, que chegou ao poder impulsionado pelo ex-governante socialista Rafael Correa (2007-2017) e depois se tornou seu adversário, reconheceu que o Equador enfrentou em 2020 a pior crise econômica de sua história por causa da recessão e dos efeitos da pandemia, que deixa mais de 417.000 infectados e 20.000 mortos no país.
No ano passado, a dolarizada economia equatoriana, dependente de suas exportações de petróleo, diminuiu 7,8% e para 2021 se estima uma melhora de 3%. Essa projeção, no entanto, não é suficiente, segundo Acosta.
“O objetivo do novo presidente deve ser mudar esse cenário, não pode se contentar com um crescimento de 3% porque é preciso levar em conta que é um rebote de uma queda muito forte”, afirma.
Desconforto geral
Para amenizar as dificuldades econômicas, Moreno recorreu a um alto endividamento com a emissão milionária de títulos e a obtenção de créditos com órgãos multilaterais, entre eles o Fundo Monetário Internacional (FMI). O passivo total chegou até 63% do PIB em dezembro (61,3 bilhões de dólares).
Lasso deverá “priorizar o gasto público, gastar no que é importante para deixar de depender do endividamento porque é cada vez mais difícil se endividar”, expressou Acosta.
O presidente eleito, cuja principal proposta de campanha foi vacinar contra a Covid-19 nove milhões de pessoas em 100 dias, reconheceu que enfrenta “realidades muito complexas, necessidades ilimitadas, com recursos muito, muito limitados”. E avisou que recorrerá a “reformas tributárias muito criativas”.
Nesse caminho, ele deverá superar “um sentimento generalizado de pessimismo provocado pela pandemia, pela perda de empregos, perda de renda”, estimou Acosta.
Entre dezembro de 2019 e março passado, o desemprego no Equador passou de 4,6% para 5,5%. E a pobreza por renda aumentou de 25% em dezembro de 2019 para 32% no mesmo mês de 2020.
Lasso, que obteve 52,36% dos votos, 4,72 pontos a mais que o economista Andrés Arauz, de 36 anos e pupilo de Correa, conquistou na eleição de 11 de abril o poder para a direita conservadora no Equador. Com isso, encerrou uma sequência de triunfos do socialismo.
Correio do Povo