Em nota pública, categoria sustenta que processo eletrônico de votação é ‘confiável’ e ‘indissociável da imagem do Brasil’
Funcionários públicos pertencentes a carreiras de Estado e subordinados ao chanceler Carlos França, os diplomatas divulgaram nota pública em defesa do processo eletrônico de votação.
O documento da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB), assinado pela presidente, embaixadora Maria Celina Rodrigues, reforça a “plena confiança na Justiça Eleitoral brasileira e no sistema eletrônico de votação”.
A manifestação ocorre na esteira das diversas reações à reunião com mais de 50 embaixadores e diplomatas estrangeiros em missão no Brasil promovida pelo presidente Jair Bolsonaro, na qual ele apresentou restrições ao método eletrônico, sugeriu a aferição física do resultado e criticou ministros do STF e do TSE.
Na nota, os diplomatas destacaram, ainda, o trabalho de cooperação da classe com a Justiça Eleitoral, permitindo o voto de 600 mil eleitores alistados no exterior, em mais de 200 cidades.
“Ao longo desse tempo, a diplomacia brasileira testemunhou sempre elevados padrões de confiabilidade que se tornaram referência internacional indissociável da imagem do Brasil como uma das maiores e mais sólidas democracias do mundo”, prosseguem.
O documento ressalta que o sistema brasileiro motiva o interesse da comunidade internacional, e defende o sistema eletrônico: “Essa é uma conquista da sociedade brasileira no processo de consolidação de suas instituições democráticas, para a qual a diplomacia nacional muito se orgulha de contribuir no exercício de suas atividades”.
O R7 apurou que o convite para o encontro com os embaixadores partiu do Cerimonial da Presidência da República, e não do Itamaraty. O documento é assinado, no entanto, pelo diplomata encarregado do Cerimonial, embaixador André Chermont de Lima. O chanceler Carlos França compareceu ao encontro, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
“O presidente foi cortês com todos e está no seu direito de nos expor suas ideias”, declarou um dos embaixadores ouvidos em caráter reservado ao R7.
“Na verdade, esperávamos uma exposição das ideias sobre a futura política externa do Brasil”, completou. “Não acredito que tenha afetado nossa confiança na eleição brasileira, mas ficou claro que ele está se preparando para contestá-la.”