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Depoimento de Roberto Ramos na CPI é marcado por “inconsistências” acerca da FIB Bank

Empresa foi garantidora do contrato da Precisa Medicamentos para venda da Covaxin

| Foto: Pedro França/Agência Senado/CP

Empresa foi garantidora do contrato da Precisa Medicamentos para venda da Covaxin

O depoimento do diretor-presidente da FIB Bank, Roberto Pereira Ramos, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta quarta-feira, foi apontado pelos parlamentares como inconsistente e contraditório. Em cerca de oito horas de sabatina, as informações declaradas sobre a empresa reforçaram as suspeitas da CPI sobre um esquema de fraude e superfaturamento no contrato da vacina indiana.

A empresa foi usada para oferecer uma carta de fiança pela Precisa Medicamentos na compra. Em fevereiro, o Ministério da Saúde empenhou R$ 1,6 bilhão para compra do imunizante. Após o avanço da investigação, o governo cancelou a compra.

Parlamentares suspeitam que a empresa seja uma companhia de fachada e cercada de fraudes. De acordo com o diretor da FIB Bank, a companhia tem um capital social de R$ 7,5 bilhões integrado a partir de só dois imóveis. Além disso, a CPI identificou uma remuneração de R$ 4 mil para o diretor, considerada incompatível com, por exemplo, o imóvel que declarou morar, no valor de R$ 400 mil a R$ 500 mil.

Contradição em datas

Outra inconsistência exposta no início do depoimento foi sobre a carta de fiança para a compra da Covaxin. Um documento enviado pela emprensa à Comissão tinha data de 17 de março. No depoimento, o diretor informou uma data diferente, de 17 de fevereiro, e foi acusado de fraudar o conteúdo encaminhado anteriormente à comissão.

“Eu me sinto envergonhado de estar aqui sapateando em cima de uma picaretagem dessa e ainda tentou vender para o governo”, afirmou o senador Jorginho Mello (PL-SC), aliado do presidente Jair Bolsonaro, pedindo que o depoimento fosse encerrado com as devidas “providências”.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), por outro lado, insistiu na continuidade da audiência. “A pergunta maior é por que o Ministério da Saúde aceitou uma garantia que não era bancária e que não era permitida. Fazia parte do conluio para fraudar e superfaturar a Covaxin?”, questionou a parlamentar.

Empresa acionista da FIB Bank

Durante depoimento, Roberto Pereira Ramos Júnior também afirmou que o advogado e empresário Marcos Tolentino é procurador de uma das empresas que compõem o capital social da FIB Bank. Tolentino, que tem convocação aprovada para prestar depoimento à CPI, é amigo do deputado federal e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e chegou a acompanhar o parlamentar paranaense em seu depoimento à comissão em 12 de agosto.

Questionado sobre a relação da FIB Bank com Tolentino, Ramos Júnior afirmou que o advogado é procurador da Pico do Juazeiro, uma das acionistas da FIB Bank. Segundo Roberto, Tolentino também é advogado de Ricardo Benetti, sócio da empresa e responsável por contratá-lo.

“O Dr. Marcos Tolentino é advogado do sr. Ricardo Benetti e procurador da empresa sócia do FIB Bank, a Pico do Juazeiro”, afirmou o depoente. Ao ser confrontado por Calheiros da razão para Tolentino aparecer como representante da FIB Bank, Ramos Júnior a princípio negou saber da participação do advogado, mas depois afirmou que Tolentino aparecia por sua atuação como procurador da empresa.

Tolentino negou, em nota, que seja sócio oculto da empresa Fib Bank, como suspeitam os senadores. O empresário e advogado ressaltou ser presidente, há mais de 15 anos, da rede de televisão Rede Brasil. Tolentino afirmou ter prestado serviços advocatícios para Ricardo Benetti e às empresas que ele representa, dentre a Benetti Prestadora de Serviços, que possui participação sobre a empresa Pico de Juazeiro. Esta última, em 2015, segundo Tolentino, tornou-se acionista da Companhia FIB Garantias.

Correio do Povo