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CPI da Petrobras abre sessão com bate-boca sobre Cunha

Deputados pedem que Presidente da Câmara deponha sobre o processo

                Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados / Divulgação / CP
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, nem precisou iniciar nesta quarta-feira seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, na Câmara dos Deputados, para a sessão gerar polêmica. Antes de Bendine falar, vários parlamentares defenderam a prorrogação da CPI, que tem previsão de entrega do relatório final no início da próxima semana e houve bate-boca no plenário. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) defendeu a convocação do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ): “Peço para que os deputados que não assinaram assinem o pedido de prorrogação da CPI. Depoimentos importantíssimos que não foram ouvidos. Em agosto entramos com a quebra de sigilo do presidente dessa Casa. Ele é acusado por diversas ilegalidades. E agora que precisamos que ele venha convocado, querem fechar as portas da CPI”.


O deputado chegou a reproduzir no microfone um áudio de Cunha dizendo que iria à CPI “quantas vezes for necessário” para convencer os colegas a convocá-lo a depor. A fala do presidente da Casa ocorreu em março, quando foi submetido às perguntas dos parlamentares sem que fosse necessário um requerimento para sua convocação. 

Outros deputados pediram a palavra e defenderam a prorrogação da CPI, que seria a terceira. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) questionou as acusações contra o presidente da Câmara, que é do mesmo partido. Ele tentou minimizar as acusações contra Cunha e voltar o foco aos administradores da Petrobras na época em que começou o esquema de corrupção na empresa. “Ele não é um protagonista nesse processo, até porque na época não era presidente da Petrobras, do Conselho da Petrobras ou presidente da República. E a partir do momento em que o presidente da Câmara é escolhido como alvo principal, percebemos que tem algo estranho”, disse Marun.


O parlamentar, no entanto, não se opôs à prorrogação do prazo da comissão. “Não precisamos nos estender aqui num debate que vai acontecer no plenário. Se tiver faltando alguma assinatura, eu me disponho a assinar esse requerimento [de prorrogação da CPI]”. No momento em que o deputado João Gualberto (PSDB -BA) pediu a palavra, os ânimos se exaltaram. Gualberto iniciou sua fala criticando o partido de Valente, que chamou de “partido auxiliar do PT”, acusando-o de não falar na suposta participação do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff.


Nesse momento, Valente se exaltou e interrompeu o colega, aos berros: “Você não tem o direito de falar isso, não! O senhor cale a boca!”, disse, antes de ser acalmado pelo presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). Após Gualberto concluir sua fala, Valente lembrou ter assinado requerimentos para convocação de pessoas envolvidas com o PT, como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, e o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.

A deputada Eliziane Gama (REDE-MA), reforçou a importância da convocação desses nomes: “O término da CPI sem ouvir o Okamoto, o Palocci, sem ter a quebra do sigilo bancário dessas pessoas, não teremos um relatório conclusivo. Faço meu apelo para que tenhamos a ampliação desse prazo e possamos ouvi-los”. O presidente da comissão, no entanto, explicou que outros depoentes só serão convocados em caso de prorrogação da CPI. Caso contrário, o depoimento de Bendine será o último antes da confecção do relatório final.
Correio do Povo