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Copa de 2014 ainda não acabou em Porto Alegre

 

Piadas de que obras só ficariam prontas no Mundial da Rússia viraram realidade | Foto: Alina Souza

No início era uma brincadeira. “Vai começar a Copa da Rússia e as
obras da Copa em Porto Alegre ainda não terminaram”, uma referência à demora na execução dos projetos e aos constantes adiamentos. E não é que o comentário sarcástico tornou-se realidade. Oficialmente, hoje, em Moscou, ocorre a abertura da disputa pela taça do mundial. Enquanto isso, na Capital gaúcha, os porto-alegrenses ainda esperam ver sair do papel as prometidas melhorias na mobilidade. Eram intervenções ao longo da Terceira Perimetral; na ligação da zona Sul ao Centro; os BRTs (os ônibus rápidos) nos corredores de concreto pelos principais eixos, entre outros projetos, que iriam revolucionar a cidade. Na prática, a nova gestão da Prefeitura ainda tenta, com várias negociações financeiras, recursos para finalizar algumas projetos. E será que esse “legado da Copa” se concretizará ou será necessário esperar mais um mundial?

Após ficarem meses paradas, a retomada começou de maneira gradativa em fevereiro deste ano, após financiamento de R$ 120 milhões, junto ao Banrisul, e o remanejo de R$ 115,07 milhões do total de R$ 249,43 milhões que estavam previstos para uso nos BRTs. O valor ajudaria no pagamento de dívidas de etapas das obras já concretizadas, o que totalizava cerca de R$ 45,4 milhões, e a retomada dos projetos. Ganharam prioridade as trincheiras da Ceará e da Anita, que deverão ficar prontas no segundo semestre. Outras deverão vir na sequência. Algumas ainda estão bem longe de começarem, como são os casos da Trincheira da Plínio, por um impasse judicial, e da etapa 2 da Voluntários da Pátria, porque necessita de licitação.
Do balanço apresentado pela prefeitura, estão em andamento ou por recomeçar 10 iniciativas relativas ao plano de mobilidade da Copa de 2014. “O objetivo estratégico é o de concluir as obras dentro dos prazos estabelecidos”, diz o secretário municipal de gestão, Paulo de Tarso Pinheiro Machado. Ele recorda que a execução das obras de mobilidade foram impactadas pela grave crise financeira, o que impediu a continuidade.

Mas além dos transtornos causados à população, tanto durante as intervenções como a não concretização das mesmas, esses atrasos também estão custando caro. No início deste ano, levantamento do Correio do Povo apontou que as paradas e retomadas dos projetos geraram prejuízo de R$ 70 milhões aos cofres públicos.

Afinal, como elas se encontram na prática?

Fotos: Alina Souza
A trincheira da avenida Ceará, uma das melhorias mais relevantes na mobilidade, especialmente para quem chega a Porto Alegre, pelo aeroporto Salgado Filho, passou desde o início da sua execução por diversos adiamentos e entraves. Em consequência, quem mais sofreu foram os motoristas, com os constantes congestionamentos. Os serviços foram retomados em março deste ano e, em abril, a prefeitura conseguiu liberar o trânsito em um dos trechos (acesso da avenida Farrapos na trincheira), garantindo benefícios aos motoristas. A trincheira tem 300 metros de extensão, com largura de 9,50 metros e três faixas viárias. Porém, a obra ainda não está totalmente concluída. Falta ainda a liberação da passagem de veículos por baixo da obra. Neste momento, segundo a Prefeitura, estão sendo instalados equipamentos mecânicos da casa de bombas. A previsão da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade é entregar a obra em setembro deste ano.
Trincheira da Anita Garibaldi

Dentro das obras, a trincheira da Anita Garibaldi, na Terceira Perimetral, é outra que está mais próxima de conclusão, deixando de ser um transtorno a quem precisa passar na região. Retomada em abril, a previsão é de que os trabalhos sejam finalizados até outubro. Com início em janeiro de 2013, a obra previa uma passagem subterrânea na avenida Carlos Gomes e a alameda Raimundo Corrêa, diminuindo os engarrafamentos e facilitando a travessia. O fluxo médio na região é de 75 mil veículos por dia. Com período de execução de um ano, a obra parou algumas vezes. Uma delas foi por conta da remoção de uma rocha, que não estava prevista, o que mudou o cronograma e ampliou os custos. O fluxo embaixo da Carlos Gomes foi liberado. Atualmente, está sendo executado um muro de contenção junto ao passeio público da quadra sul do lado do bairro, entre a Carlos Gomes e a alameda.

Prolongamento da Severo Dullius
O canteiro indica que a obra teve início, mas não há nenhuma movimentação de trabalhos agora. Quem passa vê ainda alguns alicerces, que estão enferrujando pela exposição. Os carros desviam e seguem passando no trecho sem asfalto. É assim que encontra-se a avenida Severo Dullius, na zona Norte de Porto Alegre, próxima ao aeroporto Salgado Filho. Pelo projeto original, a avenida seria prolongada e duplicada em 2,4 quilômetros, sendo uma conexão mais rápida e simples entre a saída ou chegada de Porto Alegre pela BR 116 e a avenida Sertório e região, além de melhorar a circulação junto ao aeroporto. A prefeitura espera retomar os trabalhos no local ainda neste mês.
Paralisada há mais de um ano e sem previsão de ser retomada, a obra da trincheira da Cristóvão Colombo gera transtornos ao trânsito. Na região, que tem intenso fluxo, a obra concluída amenizaria os congestionamentos e facilitaria a circulação de veículos, com uma travessia de 198 metros por baixo da rua Dom Pedro II. Na prática, os motoristas precisam encarar os desvios e os contornos, enquanto a obra é um grande esqueleto. Há pedras, vigas de ferro expostas, em meio ao mato, que cresce onde deveria haver asfalto. Enquanto isso, o local é um abrigo improvisado a moradores de rua. O entrave enfrentado neste caso foi a empresa que desistiu do empreendimento. A licitação foi feita em 2012 e os trabalhos iniciaram em março do ano seguinte, tendo término antes da Copa de 2014, não sendo efetivado. Agora a expectativa é de que ela seja retomada no segundo semestre deste ano.
Corredores de ônibus
Bento, João Pessoa e Protásio Alves – Uma das grandes melhorias na mobilidade da Capital seria a instalação dos BRTs, conhecidos como os ônibus rápidos. Eles seriam maiores e andariam em velocidade mais alta. Para isso, os corredores precisavam ser adequados. O projeto envolvia as avenidas Bento Gonçalves, João Pessoa e Protásio Alves. As execuções encontram-se em diferentes etapas. Mesmo assim, a prefeitura espera que todos os trabalhos sejam retomados ainda neste ano, sendo o da Protásio ainda no mês de julho. Em relação aos BRTs, a prefeitura optou por realocar parte dos recursos para concluir as demais obras.
Uma ligação direta da região Sul com o Centro, remoção de centenas de famílias e uma nova modelagem paisagística. Assim previa o projeto da duplicação da avenida Tronco. Dividido em quatro blocos, em função de sua complexidade, pouca coisa saiu do papel. A média atingiu pouco mais de 30% do total. Na região ainda encontram-se partes que avançaram e outras em que a obra parou totalmente. Ao todo, a via tinha extensão de 5,65 quilômetros, sendo que foram executados 1,3 quilômetro. O último levantamento da Prefeitura aponta que os trechos 1 e 2, que corresponde entre a rótula da Gastão Mazzeron até a avenida Terceira Perimetral e até a Rótula do Papa, encontram-se com 31% do projeto executado. As etapas 3 e 4, que abrangem o trecho da rótula da Icaraí até a rua Gabriel Camargo, a 100 metros da Gastão Mazzeron, está com 33% do percentual executado. Um dos pontos de entrave foi a remoção de cerca de 195 famílias, permitindo a liberação do canteiro de obras. Aproximadamente 1,4 mil famílias já saíram do local. A expectativa da prefeitura é recomeçar as obras na região nos próximos dias, tendo previsão de execução de dois anos.
Voluntários da Pátria
Uma extensão da duplicação de 3,5 quilômetros, melhorias ao trânsito, mas também a revitalização da região. Esse era o objetivo do projeto envolvendo a Voluntários da Pátria, no centro de Porto Alegre. Dividida em duas etapas, a primeira parte da obra, que começou em janeiro de 2013, precisa de seis meses para ser concluída. Os serviços devem recomeçar em agosto. O segundo trecho não tem previsão, porque ainda depende de licitação

Trincheira da Plínio

O projeto de travessia na avenida Carlos Gomes com a Plínio ainda está longe de se tornar realidade. A prefeitura ainda discute na justiça a reintegração de posse de uma área no cruzamento, que seria utilizada sem permissão, o que é negado pelo proprietário. Assim, não há previsão de a obra ter início efetivo. O projeto original estimava a construção de uma passagem de 400 metros, para desafogar o trânsito no complexo cruzamento, numa intervenção que levaria dois anos. A obra foi avaliada em R$ 30 milhões na época.