• Leia mais sobre os atentados
O policial, de trinta anos, já não vestia uniforme esta manhã. “Eu só fui para casa para tomar banho e tranquilizar os meus filhos”, disse ele. “Retorno aqui como um homem, eu estou triste e profundamente marcado”. Sábado de manhã, a área continuava isolada, de acordo com jornalistas da AFP. Só é permitido a entrada no perímetro de moradores locais, acompanhados por um policial.
Em frente ao Bataclan, três caminhões da polícia bloqueiam completamente a visão das câmeras de todo o mundo. Com os olhos vermelhos, Peggy, que caminhava para o trabalho, se disse “muito chocada”. “Este é um lugar onde os jovens fazem a festa. Não consigo entender”. “Este é meu bairro há 30 anos”, afirmou Mathilde, de 56 anos, também em estado de choque. “Aqui, todos se conhecem, tomam café juntos, de uma rua para outra”. Foi de bicicleta que ela veio para orar perto da casa de espetáculos. “Fomos todos profundamente afetados”, declarou ela, mãe de três filhos, cujas duas filhas vivem em Saint-Maur e rue Bichat, onde tiroteios mataram 12 pessoas. No total, os seis ataques de sexta à noite em Paris e no Stade de France deixaram pelo menos 127 mortos, de acordo com um balanço ainda provisório.
Apocalíptico
Mamadou passou a noite fora de casa ouvindo o rádio, depois de ouvir a notícia em um bar onde estava assistindo ao jogo de futebol entre a França e a Alemanha. “Isso me enoja é apocalíptico”, afirmou o jovem de 26 anos no Boulevard Richard-Lenoir, perto da sala de concertos. Com certeza, o “Estado Islâmico” está por trás dos ataques. “Eles provavelmente queriam vingança pela morte do ‘Jihadista John'”, o carrasco britânico do EI morto na quinta-feira por um bombardeio americano, conjectura.
Equipes psiquiátricas foram mobilizadas para identificar as pessoas em estado de choque no bairro. “Vamos tentar trazê-los de volta à realidade”, disse Christophe Debien, psiquiatra de emergência vindo do Lille (norte). Tentamos “identificar aqueles que são propensos a desenvolver sintomas pós-traumáticos”. Um centro médico foi criado às pressas na prefeitura do bairro vizinho.
A 800 metros de distância, descendo a rua Fontaine au roi, palco de um dos ataques, Maximilien, de 26 anos, parou no meio de sua corrida “por curiosidade”. “Não podemos parar de viver”, disse ele. “Não voi mudar meus hábitos, mesmo os mais pequenos. Eu não vou aceitar que isto tenha um impacto em minha vida diária.”