Enquanto a imprensa se preocupa com a drogadição entre os pobres e alardeia os casos de celebridades enterradas de ponta cabeça no poço do vício, ignora olimpicamente o furo que está mais embaixo, ou seja, a grande maioria dos consumidores de cocaína são usuários eventuais, ou esporádicos e levam vidas acima de qualquer suspeita.
Conheço profissionais liberais, pais e mães de família que dão os seus tecos* sociais e continuam levando a vida numa boa, sem jamais caírem naquilo que as pessoas concebem como o destino fatal de todos os drogados: descontrole, desagregação familiar, perda de vínculos afetivos e desbaratamento das relações sociais.
Então, qual é o problema dessas pessoas endinheiradas e socialmente saudáveis consumirem drogas? O grande problema é a massa de cidadãos e cidadãs respeitáveis e pagadores de impostos ser a grande responsável pelo financiamento do tráfico de drogas – este sim – um câncer insidioso que corrompe o seio da sociedade em meio a crimes e corrupções.
Para exercer as devidas pressões sobre os usuários recreativos, que se limitam a usar cocaína nos eventos sociais, ou em algumas situações profissionais, torna-se importante saber reconhecer os sinais inequívocos deixados pela droga. Nestes momentos, você pode ter um parente, colega, amigo ou filho na situação de consumidor eventual e não saber de nada porque nunca aprendeu a ler os sintomas mais visíveis na cara dos sujeitos. Vez por outra, me deparo com gente sob efeito de cocaína na TV, concedendo entrevista, dirigindo, atuando, apresentando, etc. Para você que não entende nada de drogas, o melhor lugar para exercitar os conhecimentos aqui adquiridos é se posicionar estrategicamente num lugar de visão privilegiada da entrada da festa e ficar observando os entrantes. Descobrirá em pouco tempo que algumas pessoas já entram com aquele brilho nos olhos, nariz para cima, “altas” e rangendo os dentes.
Pupilas dilatadas: é o sintoma clássico, porém, você deve se aproximar muito para perceber. Por isto, muitos usuários usam óculos escuros mesmo na balada.
Olhos super abertos e brilhando como “Lucy in the Sky with Diamonds”: o nome da música dos Beatles, composta em homenagem ao LSD, serve para descrever o aspecto do sujeito sob efeito da cocaína – “Lúcia no céu com olhos de diamante” é a metáfora perfeita para descrever os olhos desmensuradamente abertos e brilhosos, quase que esbugalhados pelo contentamento.
Boca seca: a droga provoca uma secura bucal intensa, fato que obriga os seus usuários a ficarem lambendo constantemente os lábios.
Exala um leve odor de éter: infelizmente, este sintoma só pode ser comprovada por quem tem uma relação MUITO próxima, contudo, como muito éter(e muitas outras coisas) é usado no refino da planta da coca, em consequência há traços dessa substância altamente aromática presentes no pó, fazendo com que o usuário transpire éter através do suor.
Mãos inquietas: não saber o que fazer com as mãos, o sintoma comum nos tímidos, se torna sistemático nos cocainômanos.
Coceira intermitente nos cotovelos: naturalmente, os braços do cocainômano não ficariam em paz enquanto as mãos sobem pelas paredes. Só para usar uma imagem que vale por mil palavras, preste atenção APENAS nas mãos e cotovelos da Amy Winehouse no seu último show realizado em Belgrado, já que a performance musical está do tipo “prefiro não comentar”.
Fungadas constantes: uma vez um presidente da república foi flagrado (pela parabólica, antes de entrar no ar) aspirando intensamente – claro, todo mundo chegou às conclusões óbvias. Isto significa que não é preciso ter “giz” no nariz para denunciar a presença da droga.
Passa muito a mão no nariz: preste atenção em quantas vezes a Amy leva a mão no nariz ao longo da música que ela NÃO consegue cantar e me diga se isto é normal, na realidade, isto é um ato absolutamente normal entre os consumidores de cocaína.
Pernas inquietas: passar várias vezes as mãos nas pernas(para quem não consegue sair do lugar, por exemplo, quando está sendo entrevistado pelo Jô Soares) e não conseguir ficar parado no lugar é um sério sintoma de indivíduo baratinado.
Dentes firmemente cerrados: não há como evitar, no auge da atazanação todo o cocainômano trava os dentes e pode-se perceber um pulsar nas suas mandíbulas contraídas. Por isto, qualquer cocainômano já nasce sabendo, que ao atingir o auge, ele tem fazer a gangorra descer, se não quiser arrebentar os dentes.
Consumo de álcool como elemento atenuador: eis o maior barato do consumo de cocaína – voar até o teto e despencar usando outra substância que atenue a baratinação. Para tanto, o álcool é um companheiro inseparável dos usuários, tanto que se diz, que dificilmente há cocainômano abstêmio. No momento em que o sujeito se meleca pelo efeito do álcool, ele volta a cheirar e coloca a gangorra novamente lá em cima, iniciando um novo ciclo. Portanto, desconfie de um amigo ou parente, que não bebe quase nunca, e que do nada precisa beber aflitamente.
*teco: “dar um teco” é o jargão usado pelos usuários para denominar o consumo de cocaína, conforme você pode constatar neste reportagem – Revista TPM: De volta ao pó.
Postado por Isais Malta/blogpaedia